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França/Justiça

Ex-prefeito acusado de corrupção em "máfia de casamentos" é encontrado morto na França

O senador e ex-prefeito socialista Jean Germain, da cidade de Tours − região conhecida pelos famosos castelos do Vale do Loire − deveria ser julgado a partir desta terça-feira (7) por suspeita de corrupção em um escândalo de casamentos de turistas chineses. Porém, o senador foi encontrado morto, depois de deixar uma carta de despedida. A polícia suspeita de suicídio.

O ex-prefeito Jean Germain foi encontrado morto perto de sua casa, em Tours.
O ex-prefeito Jean Germain foi encontrado morto perto de sua casa, em Tours. captura vídeo BFMTV
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A advogada do político, Dominique Tricaud, informou esta manhã que o senador "estava muito mal". Ele deixou "uma carta de despedida e desapareceu", relatou a advogada. O socialista era acusado de cumplicidade em uma ação judicial por apropriação indébita de bens e desvio de dinheiro público.

Na carta, lida pela advogada à imprensa, Germain afirma "saber a dor que vai causar àqueles que me estimam, mas não é possível aceitar essa caça sistemática aos políticos como se fosse uma coisa normal". A denúncia de corrupção na prefeitura de Tours foi feita pelo jornal Le Canard Enchainé, no verão de 2011. 

Ex-funcionária comandava máfia de casamentos chineses

O pivô do caso é uma ex-funcionária municipal, Lise Han, que desviou € 750 mil do caixa da prefeitura de Tours promovendo casamentos simbólicos de jovens chineses, entre 2007 e 2011. Os casamentos coletivos eram organizados pela prefeitura, às vezes celebrados pelo ex-prefeito ou por outros assessores municipais, como prevê a lei, mas eram uniões "armadas" para os álbuns de fotografias. Os casais chineses eram atraídos pela região turística do Vale do Loire, rica em paisagens de castelos e vinhedos.

Ao todo, seis pessoas foram indiciadas no caso, incluindo o ex-prefeito, que poderia ser condenado a dez anos de prisão e € 150 mil de multa.

Buscas

Logo após a advogada ter informado o tribunal de Tours que Germain havia desaparecido, a polícia iniciou as buscas. "Eu o vi na semana passada e ele estava muito abatido, dizendo que ninguém em sua família tinha estado num tribunal. As acusações contra ele são infames", disse a advogada, pouco antes de ser informada sobre a morte do senador.

O corpo de Germain, de 67 anos, foi encontrado perto de sua casa. A polícia declarou ter aberto um inquérito para investigar um provável suicídio.

O primeiro-ministro, Manuel Valls, disse estar "abalado" e ter perdido um amigo. Germain era considerado próximo do presidente François Hollande.

Carta de despedida nega enriquecimento ilícito

O ex-prefeito escreveu em sua carta de despedida que "para algumas pessoas, e sou uma delas, a injustiça e a desonra são insuportáveis". Ele se defendeu das acusações: "Saibam que não desviei um centavo, que não enriqueci, que sempre trabalhei pelo que eu pensava ser o bem-estar dos habitantes de Tours". Para o ex-prefeito, o Ministério Público tinha "razões políticas" para acusá-lo de irregularidades.

Nas últimas eleições municipais, em 2014, Germain concorreu a um quarto mandato, mas perdeu para o opositor de direita Serge Babary (UMP). Ele administrou a cidade de 1995 a 2014 e era senador desde 2011.

O tribunal de Tours adiou o julgamento dos demais acusados no caso após a morte do político socialista.

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