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França/Terrorismo

França desmantelou cinco atentados terroristas desde janeiro, diz premiê

Os serviços de inteligência da França desmantelaram cinco atentados terroristas no país, incluindo o de domingo contra uma igreja, desde os ataques de janeiro passado, em que 17 pessoas foram mortas em três dias na região parisiense, além dos três terroristas. Segundo o primeiro-ministro Manuel Valls, nunca o território francês esteve diante de um risco tão elevado de ataques.

O argelino Sid Ahmed Ghlam, estudante de informática, foi preso no domingo suspeito de planejar atentados contra igrejas na região parisiense.
O argelino Sid Ahmed Ghlam, estudante de informática, foi preso no domingo suspeito de planejar atentados contra igrejas na região parisiense. Reprodução Youtube
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Em entrevista à rádio France Inter, na manhã desta quinta-feira (23), o primeiro-ministro Manuel Valls confirmou que o estudante de informática argelino Sid Ahmed Ghlam, de 24 anos, preso no domingo, planejava cometer um atentado "iminente" contra uma igreja na região sul de Paris. Os jornais de hoje trazem imagens da igreja que seria alvo da ação, no subúrbio de Villejuif.

O premiê indicou que, pela primeira vez, as igrejas católicas são ameaçadas, uma situação "inédita", segundo ele. Das 45 mil igrejas existentes no país, 178 delas tiveram sua proteção reforçada. Ontem, a Conferência dos Bispos da França pediu que os fiéis mantenham a calma.

A polícia está à procura de pelo menos um cúmplice do estudante. No computador do suspeito, investigadores descobriram que ele recebia instruções de um homem que se encontra na Síria. O primeiro-ministro evitou entrar em detalhes sobre as buscas, mas salientou que "esse tipo de indivíduo nunca age sozinho, eles são apoiados por redes que dão suporte logístico".

Preso por acaso

As intenções terroristas do argelino foram descobertas por acaso. Ele denunciou a si próprio, quando se machucou com uma das armas que usaria no atentado e precisou chamar ajuda médica. O estudante foi preso no 13° distrito de Paris ao telefonar para o Samu e informar que tinha se ferido com uma arma de fogo. O Samu avisou a polícia, que se dirigiu ao local, onde encontrou um verdadeiro arsenal no carro de Ghlam. As autoridades também revelaram ter encontrado documentos que provam a ligação de Ghlam com o grupo Estado Islâmico e a Al Qaeda. O jovem continua internado em um hospital da capital.

Além disso, a polícia descobriu que Ghlam é o principal suspeito do assassinato da professora de ginástica Aurélie Châtelain, de 32 anos, encontrada morta no último domingo, em Villejuif. Ferida com um tiro, provavelmente disparado por Ghlam, o corpo da mulher foi encontrado em um carro incendiado. A polícia ainda não estabeleceu as causas do assassinato, mas acredita que Ghlam tenha tentado roubar o carro de Aurélie. A polícia pôde fazer a ligação do caso com o estudante porque rastreou o telefone celular dele no local do crime. 

A professora de ginástica está sendo considerada uma vítima colateral do terrorismo. Originária do norte da França, ela tinha acabado de chegar na região parisiense para fazer um curso de Pilates.

Ameaça real

Segundo Valls, os franceses estão diante de uma "ameaça real de terrorismo e não devem ignorar essa realidade". "Todos devem estar conscientes de que estamos diante de um inimigo externo, que estamos combatendo, mas também lutamos contra um inimigo interno", acrescentou. Valls estava se referindo à presença de muitos franceses e residentes nas fileiras do grupo Estado Islâmico e de outras organizações islâmicas na Síria e no Iraque, que mantêm contatos no território nacional.

O premiê lembrou que 1.573 franceses ou residentes de outras nacionalidades foram identificados por envolvimento em redes terroristas, sendo que 442 estão atualmente na Síria e 97 morreram em combate.

Centenas de denúncias de radicalização

Valls aproveitou a entrevista para fazer um balanço das ligações ao número de telefone colocado à disposição dos cidadãos para denunciar casos de radicalização. "A plataforma telefônica registrou mais de 2.600 chamados, sendo que 630 foram considerados muito sérios e procedentes. As denúncias são investigadas pelos serviços especializados", disse o premiê. Sete franceses morreram em atentados suicidas no Iraque e na Síria, destacou.

Nos últimos três anos, desde 2012, a ameaça terrorista aumentou significativamente na Europa, com a adesão de 3 mil a 5 mil cidadãos europeus a grupos extremistas islâmicos que agem no Iraque e na Síria. O ritmo de recrutamento pelas organizações terroristas continua intenso, e as autoridades do bloco temem que, até o final do ano, os jihadistas europeus cheguem a 10 mil. "A França não é o único país ameaçado", advertiu o primeiro-ministro, lembrando o recente projeto de atentado desmantelado em Barcelona, na Espanha.

Lei polêmica expande escutas

Valls defendeu o projeto de lei em tramitação no Parlamento que reforça as prerrogativas dos seis órgãos de inteligência franceses. O texto é criticado por defensores das liberdades individuais e uma parcela da oposição, que consideram que as medidas instituem um monitoramento abusivo dos suspeitos de terrorismo e outros crimes. "Não é o caso de colocar toda a população sob escuta", insistiu o premiê, reafirmando que a lei francesa "não tem nada a ver com o Patriot act" em vigor nos Estados Unidos.

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