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Terrorismo/França

Pela primeira vez, Igreja Católica é alvo de ameaça terrorista na França

A situação foi classificada como “inédita” na manhã desta quinta-feira (23) pelo primeiro-ministro francês, Manuel Valls. Pela primeira vez, a religião católica pode sofrer as consequências da ameaça terrorista no Ocidente, que até então tinha como alvos principais os governos e populações das grande potências e os judeus. A constatação foi feita depois de o serviço secreto ter detido um suspeito de preparar um ataque contra uma igreja católica na periferia de Paris.

O arcebispo de Paris, o cardeal André XXIII (esq) e o ministro do Interior da França, Bernard Cazeneuve (dir) durante encontro em Paris para discutir a possibilidade de ataques contra igrejas católicas, em 23 de abril de 2015.
O arcebispo de Paris, o cardeal André XXIII (esq) e o ministro do Interior da França, Bernard Cazeneuve (dir) durante encontro em Paris para discutir a possibilidade de ataques contra igrejas católicas, em 23 de abril de 2015. REUTERS/Philippe Wojazer
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Em entrevista nesta manhã à rádio France Inter, Manuel Valls indicou que, pela primeira vez, as igrejas católicas estão no alvo dos terroristas. Segundo ele, atacar qualquer instituição religiosa do país "é uma violência direta contra a França".

Como medida de segurança, o governo reforçou a proteção de 178 igrejas católicas do total de 45 mil do país. A decisão foi tomada depois de o serviço secreto ter descoberto que o argelino Sid Ahmed Ghlam, de 24 anos, preso no domingo em Villejuif, na periferia de Paris, planejava um atentado. De acordo com o procurador responsável pelas investigações, François Molins, o estudante estava em contato com uma pessoa na Síria que pedia "explicitamente" que o ataque fosse realizado contra uma igreja católica.

Manter a calma

Ontem, a Conferência dos Bispos da França pediu que os fiéis mantenham a calma. "Os católicos franceses não podem ceder ao medo", declarou a instituição, por meio de um comunicado. Para a conferência, as igrejas devem permanecer abertas, "como lugares de acolhimento, dentro do espírito da religião católica".

O discurso não convence os fiéis, que descobriram que, ao lado dos judeus, também estão no alvo dos extemistas. Ao saber que os católicos de Villejuif poderiam ser vítimas de um atentado, o bispo de Créteil, Michel Santier, confessou estar assustado e surpreso. "Imagine a igreja de Villejuif cheia, seria um massacre", declarou.

Psicose

Criar psicose é o objetivo dos terroristas, de acordo com o historiador especialista em religiões, Odon Vallet. "A exemplo do que já aconteceu em países africanos, pensávamos há muito tempo que atentados poderiam ser realizados em igrejas católicas ocidentais. São lugares onde se entra facilmente e onde é possível atacar um grande número de fiéis", avalia.

O ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, se reuniu hoje com a maior autoridade católica do país, o cardeal André XXIII. A grande preocupação é com a aproximação de datas católicas, como a Ascensão e Pentecostes que, de acordo com o calendário deste ano, serão celebradas no dia 14 de maio e 24 de maio, respectivamente.

Segurança reforçada

O Vigipirate, plano de segurança do governo colocado em prática depois dos atentados de janeiro, aumentou a vigilância nos principais locais de culto judeus e muçulmanos. Grandes igrejas católicas, como a Catedral de Notre-Dame e a basílica de Sacré-Cœur, em Paris,  também tiveram a segurança reforçada.

Desde o início do Vigipirate, a recomendação é que todos os lugares religiosos disponibilizem apenas uma entrada. Os funcionários dos locais também têm o direito de revistar as bolsas e mochilas dos visitantes.

Mas os fiéis se sentem seguros ? "Claro que não", disse um turista na Notre Dame. "Passamos por um controle na entrada: revistaram nossas coisas rapidamente. Mas se eu fosse terrorista, poderia ter quinze quilos de explosivo em minha mochila e facilmente explodiria a igreja", declarou.

Já outras pequenas igrejas, mesmo em bairros turísticos de Paris, não contam com nenhum segurança ou vigia policial. Para o historiador especialista em religiões, Odon Vallet, é impossível garantir a proteção de todos os locais de culto do país.

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