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Costa do Marfim/Crise política

Costa do Marfim aguarda "batalha final" entre forças pró-Ouattara e aliados de Gbagbo

As forças francesas da operação Licorne, que auxiliam a Missão de paz da ONU na Costa da Marfim, tomaram na manhã deste domingo o controle do aeroporto de Abidjan, onde combates prosseguem entre as tropas do presidente eleito Alassane Ouattara e fiéis a Laurent Gbabgo que se recusa a deixar o poder. O estado maior das Forças Armadas da França confirmou o enviou de um reforço de 300 soldados ao país. Ongs denunciam massacres durante os conflitos.

Retirada de civis do bairro do Plateau, em Abdijan, no dia  2 de abril 2011.
Retirada de civis do bairro do Plateau, em Abdijan, no dia 2 de abril 2011. AFP PHOTO/ JEAN-PHILIPPE KSIAZEK
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Os combates entre as forças leais a Laurent Gbagbo e as do presidente eleito, Alassane Ouattara, tiveram uma “calma relativa” na manhã deste domingo em Abidjan, a principal cidade da Costa do Marfim.

Segundo jornalistas e testemunhos de moradores, poucos tiros de artilharia pesada foram ouvidos no bairro Plateau, onde se encontra o Palácio Presidencial. Ao norte da cidade, no bairro de Cocody, onde estão localizadas a residência principal de Laurent Gbagbo e a sede da televisão estatal RFI, moradores dissseram ter ouvidos tiros esporádicos de armas leves e pesadas durante a madrugada.

Desde a chegada à Abidjan, na noite de quinta-feira, as tropas de Alassane Ouattara, eleito nas presidenciais de novembro e reconhecido pela comunidade internacional, tentam pressionar Laurent Gbagbo a deixar o poder, mas sem sucesso até o momento.

No sábado, as forças pró-Ouattara prometeram uma “batalha final” em Abidjan contra os redutos de Gbagbo para tomar o controle total do país, mas a ofensiva não aconteceu. Foram registradas trocas de tiros nas proximidades da residência de Laurent Gbagbo mas nada comparado aos violentos combates de sexta-feira.

O toque de recolher, imposto pelo presidente Ouattara, que governa a partir de um quartel-general em Abidjan, foi prorrogado neste domingo e estará em vigor até as 6 horas da manhã de segunda-feira.

Anarquia

A secretária de estado norte-americana, Hillary Clinton, pediu neste domingo que o presidente Laurent Gbagbo se “retire imediatamente” do poder porque sua permanência no cargo está levando o país a uma “anarquia”.

"Os Estados Unidos apelam para que o ex-presidente Laurent Gbagbo se retire imediatamente”, declarou a chefe da diplomacia americana em um comunicado. "Gbagbo leva a Costa do Marfim rumo à anarquia", acrescentou Clinton no documento onde ela expressa a “grave preocupação” de Washington diante de uma situação considerada perigosa e que se degrada no país, especialmente em relação aos massacres.

A ONU e diversas Organizações não governamentais acusam os dois campos de promoverem violência em grande escada na região oeste da Costa do Marfim desde o início da ofensiva das forças pró-Ouattara.

Hillary Clinton afirmou também que Ouattara e Gbagbo têm a responsabilidade de garantir a segurança das populações civis e devem respeitar os direitos humanos.

"Nós apelamos também para que as forças do presidente Ouattara respeitem as leis de guerra e parem os ataques contra as populações civis", disse Clinton. "As forças do presidente Ouattara devem se mostrar à altura dos ideais e da visão expressos pelo líder eleito", disse a chefe da diplomacia americana.

No sábado a Missão de Paz da ONU na Costa do Marfim (Onuci), que reconhece a eleição de Alassane Outtara e garante a proteção de seu quartel-general em Abdijan, acusou as tropas do presidente eleito de ter promovido um verdadeiro massacre durante combates pela conquista da cidade de Duékoué, no oeste do país. Segundo fontes da ONU, do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e Ongs, os ataques teriam deixado de 330 a mais de 1000 mortos ou desaparecidos.

Alerta

A Ong Médicos Sem Fronteiras (MSF) lançou um alerta sobre o número de feridos que buscam atendimento nas estruturas hospitalares da região oeste do país, reflexo das “violências que continuam no local” seis dias após o início da ofensiva das forças pró-Ouattara.

Em um comunicado, a MSF informa que faltam remédios e material de assistência médica e os confrontos violentos dificultam o acesso aos feridos. A Ong também expressa a enorme preocupação de alguns pacientes que não conseguem receber tratamento na Costa do Marfim.

"A situação continua extremamente tensa e violenta no interior e nos arredores de várias cidades da região oeste da Costa do Marfim”, escreveu a Ong no documento. "Apesar de que os combates entre as forças armadas terminaram em várias cidades do oeste no dia 31 de março, mais feridos continuam a se dirigir para as cidades de Danané, Man e Bangolo", afirma a MSF.

"O número de novos feridos é extremamente preocupante e indica que a violência continua na região", afirmou o responsável dos serviços de urgência da MSF, Renzo Fricke, citado no comunicado.

 

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