Novo relatório sobre o acidente com o voo AF 447 questiona a Airbus

O jornal Libération avaliou o novo relatório divulgado anteontem sobre o acidente com avião da Air France na rota Rio Paris e considera que a análise dos peritos judiciais é bem mais equilibrada do que a versão divulgada pela BEA, a agência francesa para investigações e análises na aviação civil.

Relatório dos peritos da justiça sobre o acidente do voo AF447 foi destaque do jornal Le Figaro.

Na opinião do Libé, a BEA atribuiu toda a responsabilidade pelo acidente aos erros dos pilotos, enquanto a juíza Silvia Zimmermann faz um diagnóstico ponderado e considera que problemas na concepção do Airbus A 330 podem ter agravado a situação de pane das sondas de velocidade, tornando a situação mais complicada para os pilotos administrarem. Esta é a tese dos advogados das famílias das vítimas e dos pilotos. Foram problemas no aparaleho e não a reação ou falta de reação dos pilotos que provocou a catástrofe.

Segundo o Libération, o relatório judicial, como o da BEA, estima que houve demora e uma certa confusão na reação dos pilotos, quando os alarmes começaram a tocar no cockpit. Os peritos judiciais também consideram que o comandante não deveria ter ido dormir, mesmo se ele tinha o direito, sabendo que o avião se aproximava de uma zona de turbulência.

Libération afirma que a batalha do "quem errou primeiro, o homem ou a máquina", vai estar no centro do processo judicial, que certamente vai contestar a posição da Airbus.

O diário conservador Le Figaro acha que o relatório da justiça é factual e e confirma as principais conclusões da investigação da BEA, que tem o objetivo de melhorar a segurança aérea. Ouvido pelo Figaro, Jean-Baptiste Audousset, de uma associação de familiares de vítimas, resume a impressão deixada pelo novo documento: "antes pensávamos que a tripulação não tinha conseguido controlar o avião corretamente; agora temos a impressão que os pilotos não puderam controlar o aparelho".

Le Figaro concorda com o Libération que com esse documento dificilmente a Airbus vai escapar de ser questionada na justiça.