Câmara da Itália aprova pacote de austeridade e Berlusconi deve renunciar
A Câmara dos Deputados italiana aprovou neste sábado as medidas de austeridade prometidas para acalmar os mercados, abrindo caminho para a saída do premiê Silvio Berlusconi. Ele deve entregar seu pedido de demissão ao presidente Giorgio Napolitano. O economista Mario Monti, 68, é o mais cotado para substituir Berlusconi.
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Eleito, em 2008, de forma triunfal, Silvio Berlusconi sai da chefia do governo italiano deixando, como saldo, uma crise econômica e política profunda. O seu partido, o Povo da Liberdade, passa por graves problemas internos, que culminaram com a perda maioria absoluta na Câmara nesta semana.
Diante da derrota, a pressão para o abandono do seu mandato tornou-se cada vez mais forte. A falta de confiança dos investidores na sua capacidade de reorganizar as finanças italianas também foram mais um elemento para forçar a sua saída.
Com urgência para recuperar a credibilidade, a opção política mais cotada neste momento formação de um governo técnico liderado por uma personalidade que consiga conciliar todas as forças políticas da Itália. O nome do economista Mario Monti é dado como certo. Na quarta-feira, foi nomeado senador vitalício pelo presidente da Itália, o que foi interpretado um sinal de que ele seria indicado ao cargo. Outro forte indício foi a visita que o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, fez hoje de manhã a Monti.
A tarefa de apaziguar os conflitos políticos, porém, é árdua. Membros da direita radical, como o ministro da Defesa, Ignazio La Russa, já declararam que “jamais” participarão de um governo de coalizão com a esquerda. O partido populista, Liga Norte, também endossa essa opinião. Tentando ser mais conciliadores, a esquerda e o centro disseram estar dispostos a apoiar “um governo emergencial de transição”, mas também não encontraram ainda um consenso.
Escândalos
Polêmico, Berlusconi foi o alvo de 24 processos em 17 anos. Entre as principais acusações, estão fraude fiscal, corrupção do Judiciário e relação sexual com uma menor de idade. Todos os escândalos ao longo dos 17 anos da sua carreira política, porém, não chegaram a abalar realmente o seu mandato. Ironicamente, o magnata das telecomunicações adulado pelos empresariado italiano será derrubado pelos mercados que não confiam mais na sua capacidade de fazer as reformas necessárias para tirar a Itália da crise. Berlusconi foi primeiro-ministro entre 1994 e 1995, depois de 2001 a 2006 e ocupava o cargo desde 2008.
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