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BRICS/Nova Délhi/Economia

Economia indiana se apoia no consumo interno e em serviços de tecnologia

Nos útimos anos, os dois países mais populosos do mundo, China e Índia, com respectivamente 1,35 e 1,2 bilhões de pessoas, tiveram um crescimento econômico fulgurante, mas o modelo econômico indiano é um caso particular.

População da Índia cresceu um Brasil em uma década.
População da Índia cresceu um Brasil em uma década. Flickr/kenseals
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Adriana Moysés, enviada da RFI a Nova Délhi

A Índia não seguiu a estratégia clássica de desenvolvimento asiática baseada na exportação de produtos de baixo valor para o Ocidente, com a exploração de mão de obra barata. O crescimento indiano é alavancado por um forte mercado de consumo interno e uma economia de serviços de alta tecnologia.

Da independência do país do império britânico em 1947 até os anos 80, a Índia viveu um modelo econômico socialista fechado, de substituição de importações, o que impediu o país de aproveitar da prosperidade do pós-guerra. Foi na década de 90, quando o atual primeiro-ministro, Manmohan Singh, ocupou o cargo de ministro das Finanças que o panorama mudou.

Singh deu início a um processo de reformas liberais e a Índia passou diretamente de uma economia agrícola para uma economia de serviços, com forte especialização na área de novas tecnologias. A maioria dos países seguiu o caminho tradicional: desenvolvimento da agricultura, da indústria e posteriormente economia de serviços.

O intelectual indiano Gurcharan Das, autor do best seller India Unbound (algo como Índia sem limite), livro que relata esse processo de transformação, acha que a Índia tem potencial para desenvolver a produção industrial de itens de alta tecnologia, mas alerta que a oferta de serviços subcontratados para empresas do mundo todo tem um alcance limitado no tempo e não poderá sustentar o crescimento econômico indiano indefinidamente.

Vários analistas chamam a atenção para a necessidade de reformas de modernização do Estado indiano, altamente burocratizado, e das carências em educação. Os empresários do país são conhecidos por sua ousadia, criatividade e flexibilidade, sendo comum se ouvir dizer que a atividade empresarial na Índia se desenvolve “apesar do Estado”. Para a Índia de fato se legitimar na modernidade, o país precisa fortalecer suas instituições e melhorar sua governança.

Crise reduz crescimento da economia indiana

O governo indiano reviu para baixo suas projeções de crescimento para este ano, passando para 6,9% contra uma estimativa anterior de 8,7% do Banco Mundial. A conjuntura econômica não deve melhorar nos próximos meses, deixando a Índia, décima economia do mundo em 2011, bem atrás da China, segunda potência global.

Assim como outros emergentes, a Índia enfrenta as repercussões negativas da crise financeira internacional com inflação e taxas de juros em alta. O consumo interno segue elevado, mas o país também sofre com a invasão de capital estrangeiro de curto prazo.

Comparando os dois gigantes asiáticos, a China ainda é bem mais rica do que a Índia. A economia chinesa representa US$ 5,5 trilhões, enquanto a da Índia totaliza US$ 1,3 trilhão.

População da Índia cresce um Brasil em uma década

A população da Índia aumentou em 181 milhões de pessoas na última década, segundo dados do censo demográfico concluído no ano passado. Mas essa taxa de crescimento teve a maior queda desde a independência, em 1947, o que fez o especialista em demografia P. M. Kulkarni, da Universidade Jawaharlal Nehru, de Nova Délhi, considerar que o país conseguiu afastar o risco de uma explosão da bomba populacional.

A taxa de alfabetização avançou cerca de 10 pontos percentuais, atingindo 74% da população em 2011. O dado revela uma evolução positiva na alfabetização das mulheres, que aumentou quase 50%. O maior acesso das mulheres à educação tem relação direta com a queda da taxa de crescimento populacional.

Um problema sério na Índia continua sendo o elevado número de abortos de bebês do sexo feminino. Cientistas apontam que cerca de 10 milhões de mulheres morreram devido a abortos e seleção sexual nas duas últimas décadas. Resultado: de acordo com o censo de 2011, a atual proporção entre homens e mulheres no país é de 914 mulheres para 1000 homens, o que representa uma degradação do censo de 2001, que apontou uma razão de 927 meninas para 1000 meninos.

O problema da razão sexual não tem nenhuma nenhuma relação com a política de planejamento familiar do governo indiano. Em contraposição à China, a Índia adota políticas brandas de controle da natalidade. Com isso, estimativas apontam que a população da Índia vai atingir o pico de 1,718 bilhões de pessoas em 2060, e só depois disso começará a declinar, revela um estudo publicado em dezembro pelo BRICS Policy Center.

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