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França/Eleições

Candidato de extrema-esquerda embaralha corrida presidencial na França

A duas semanas do primeiro turno da eleição presidencial,o candidato de extrema-esquerda, Jean-Luc Mélenchon, se impõe como o "terceiro homem" na corrida pelo Eliseu. Carismático e excelente orador, ele tem conseguido seduzir os eleitores de esquerda insatisfeitos com o socialista François Hollande e abocanhar os votos da candidata de extrema-direita Marine Le Pen e do centrista François Bayrou.

O candidato de extrema-esquerda, Jean-Luc Mélenchon, em um discurso em Toulouse.
O candidato de extrema-esquerda, Jean-Luc Mélenchon, em um discurso em Toulouse. REUTERS/Bruno Martin
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Azarão para uns. Revolucionário para outros. O candidato do Front de Gauche, Jean-Luc Mélenchon sobe nas pesquisas e incomoda os principais candidatos da corrida presidencial. Na média das últimas sondagens, Mélenchon aparece com 15% das intenções de voto, ficando atrás apenas de François Hollande e de Nicolas Sarkozy.

 Embora analistas argumentem que os eleitores de Mélenchon possam ser uma “reserva de votos” de François Hollande para o segundo turno, muitos vêem nessa ascensão de Mélenchon um grande constrangimento para Hollande. Para Guénaëlle Gault, diretora do departamento de Estratégias de Opinião do instituto TNS/Sofrès, a subida de Mélenchon é uma “faca de dois gumes”, pois, ao mesmo tempo que ele reúne diversas correntes da esquerda, ele adota um discurso algo “radical”.

A fim de manter os votos desse eleitorado seduzido pelo discurso revolucionário do candidato do Front de Gauche, o socialista será forçado a dar uma guinada mais à esquerda num eventual segundo turno contra Nicolas Sarkozy. Ironicamente, o secretário do Comércio da França, Frédéric Lefebvre, declarou que Hollande terá que “se casar” com o candidato do Front de Gauche e ficará “refém” das suas propostas de extrema-esquerda.

Sem citar diretamente o rival, Hollande alfinetou Mélenchon ontem em um discurso na cidade de Nîmes, sul da França. “Tenho o dever de fazer a esquerda ganhar. Sou verdadeiramente de esquerda, mas defendo uma esquerda séria ». Consciente de que o eleitorado com menor poder aquisitivo tende a votar em Mélenchon, Hollande incluiu na sua agenda desta sexta-feira várias visitas a bairros populares e prometeu reforçar políticas públicas nas áreas de educação, habitação e emprego, mas tendo em mente a meta de equilibrar o déficit público em 2017.

Programas

Já Mélenchon, em discurso foi feito sob medida para agradar ao eleitorado popular que está descontente com Nicolas Sarkozy e suas medidas de austeridade, promete, entre outras coisas, a volta da aposentadoria aos 60 anos e o aumento do salário mínimo para 1.700 euros (R$4,068.92) . Mélenchon, porém, parece não se contentar em atrair apenas o voto de contestação e tem um programa extenso que trata da crise econômica, relações europeias e questões internacionais.

Contra a crise e a quebradeira das empresas, sua proposta é mais poder para os operários que poderiam criar cooperativas e se tornarem proprietários dos meios de produção. Sobre o pacto fiscal europeu, ele defende um referendo para decidir se os franceses o desejam ou não. E, na política externa, ele proclama a independência da França que deveria deixar a OTAN e o alinhamento automático com os Estados Unidos.

Ideias que não são novas, mas que embaladas pelo carisma de Mélenchon conseguem seduzir eleitores que não vêem no socialista François Hollande um candidato verdadeiramente de esquerda, temem a xenofobia da candidata de extrema-direita Marine Le Pen e não se impressionam com o candidato centrista François Bayrou.

Os dois últimos, aliás, também deram declarações contra Mélenchon. Para Marine Le Pen ele é apenas “um burguês” com um falso discurso revolucionário. Já para Bayrou, é preocupante que parte do eleitorado francês acredita ingenuamente que seja possível aumentar a renda do dia para a noite apenas por uma decisão presidencial.

 

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