Zona do euro fecha acordo surpresa sobre capitalização bancária
Os líderes da zona do euro fecharam um acordo na madrugada desta sexta-feira para maior integração econômica da região, com ênfase na capitalização bancária. Dessa maneira, Itália e Espanha conseguiram arrancar dos vizinhos, em particular da Alemanha, um pacto para reduzir a pressão dos mercados sobre as dívidas dos dois países.
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As negociações entre os líderes europeus, reunidos desde quinta-feira em Bruxelas, se estenderam até a madrugada de hoje. E para surpresa geral, o presidente da União Europeia, Herman Van Rompuy, anunciou no final da madrugada medidas importantíssimas para a zona do euro.
Numa queda-de-braço diplomática os premiês italiano Mario Monti e espanhol Mariano Rajoy condicionaram suas assinaturas do pacto de crescimento, que terá investimentos de 120 bilhões de euros, pouco mais de 310 bilhões de reais, à obtenção de um mecanismo, que estará pronto até o final do ano, permitindo o acesso direto dos bancos aos fundos de resgate europeus. Até agora, os estados tomavam dinheiro emprestado dos fundos e depois repassavam aos bancos. Mas isso estava aumentando a dívida pública, como se viu nos casos da Espanha e da Itália, a ponto de os juros cobrados pelos mercados se tornarem insustentáveis, de 6% até 7%.
A chanceler alemã Angela Merkel, que resistia à idéia, cedeu, mas exigiu que o Banco Central Europeu se converta no único supervisor das entidades financeiras.
Com o acordo fechado hoje em Bruxelas, os bancos poderão buscar capital diretamente nos fundos criados para a estabilização da zona do euro, e, outra novidade, a Alemanha cedeu e daqui para a frente os fundos de resgate europeus também vão comprar diretamente nos mercados os títulos soberanos dos países em maior dificuldade.
Espanha e Itália conseguiram obter esse alívio financeiro sem ter de se comprometer com novas medidas de austeridade, apenas cumprindo as metas já acertadas.
Conforme anunciou o presidente da União Europeia, Herman Van Rompuy, os líderes europeus aprovaram a criação de uma instância única de supervisão dos bancos da zona do euro, com participação do Banco Central Europeu, cujo objetivo será romper o círculo vicioso entre bancos e estados.
Contrapartida
Merkel, que teve que fazer concessões, afirmou nesta sexta-feira que se manteve fiel a seus princípios aceitando os compromissos destinados a ajudar os países em dificuldade da zona do euro. “Eu acho que realizamos algo importante, mas continuamos fieis a nossa filosofia: nenhuma prestação sem contrapartida”, afirmou a chanceler. “Continuamos inteiramente no esquema precedente: prestação, contrapartida, condições e controle”, declarou.
Enquato isso, o presidente francês François Hollande, defensor das ideias do pacto, saudou os primeiros efeitos do acordo. O documento parece ter gerado confiança nos investidores. Os juros das dívidas italiana e espanhola já caíram na abertura dos mercados nesta sexta-feira.
Com a participação de Letícia Fonseca, correspondente da Rádio França Internacional em Bruxelas.
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