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Guantánamo/EUA

Começo de julgamento de acusados do 11 de setembro é adiado

O julgamento de cinco acusados dos atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, previsto para começar nesta quarta-feira em Guantánamo, foi adiado para amanhã devido ao descarrilamento de um trem no estado americano de Maryland que afetou a rede de fibra ótica que alimenta o sistema de comunicações da base naval americana em Cuba.

Presos com o tradicional uniforme laranjada prisão de Guantanamo, em Cuba. Audiência de acusados do 11 de setembro é adiada para quinta-feira
Presos com o tradicional uniforme laranjada prisão de Guantanamo, em Cuba. Audiência de acusados do 11 de setembro é adiada para quinta-feira REUTERS/DoD/Shane T. McCoy/Handout.
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A partir desta quinta-feira – quase 11 anos depois dos ataques terroristas de 11 de setembro – um tribunal militar dos Estados Unidos na Baía de Guantánamo vai ouvir argumentos preliminares que prepararão o julgamento de cinco acusados pelo ataque terrorista nos Estados Unidos.

Durante os próximos oito dias, os advogados de defesa vão discutir se a constituição americana se aplica em Guantánamo, se as declarações dos acusados – especialmente sobre suas prisões e tratamento que receberam - são informações classificadas, e se o governo americano pode proibir os acusados e seus advogados de compartilhar informações – mesmo as não classificadas.

Enquanto isso, o governo dos Estados Unidos deve defender que o juiz não pode decidir se a constituição americana se aplica em Guantánamo, e que o governo pode manter em segredo as declarações dos acusados - mesmo as não classificadas - porque elas podem ser prejudiciais para o interesse público e para a segurança nacional do país.

No fundo o que está em jogo é se o governo americano pode enviar suspeitos de terrorismo para prisões no exterior para evitar que eles tenham os direitos básicos garantidos pela constituição, se estes cinco prisioneiros terão um julgamento justo, e ainda se os americanos poderão ter conhecimento sobre o tratamento que esses suspeitos receberam.

Antes de serem transferidos em 2006 para a prisão de Guantánamo, em Cuba, os acusados foram mantidos em prisões secretas da CIA no exterior onde foram submetidos às chamadas “técnicas avançadas de interrogatório” ou torturas, como muitos classificam. De acordo com um relatório de inteligência, o mentor dos ataques de 11 de setembro, Khaled Sheikh Mohammed, foi afogado 183 vezes e teve sete dias e meio de privação de sono. Em 2009, o presidente Barack Obama baniu essas práticas.

Os advogados pretendem denunciar esses abusos, mas como as práticas foram classificadas pelo governo como informação “ultra-secreta”, eles são impedidos de falar do assunto com seus clientes e também durante o julgamento.

A União Americana pela Liberdade Civil e mais 14 organizações jornalísticas, entre elas o jornal The New York Times, vão apoiar os advogados de defesa para pressionar por mais transparência nas audiências.

Para assegurar que informações sensíveis não vazem durante essa semana, as audiências serão transmitidas com um atraso de 40 segundos e serão censuradas quando necessário. O julgamento final não deve acontecer em pelo menos um ano.

Raquel Krahenbuhl, correspondente da RFI em Washington
 

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