Em um ano, o Mali se transformou de exemplo democrático a barril de pólvora

A intervenção militar da França no Mali, anunciada na sexta-feira, é o grande destaque de todos os jornais franceses. “A França entra na guerra contra os islâmicos no Mali”, diz a manchete de Le Monde. Segundo o presidente francês, François Hollande, a operação vai durar "o tempo que for necessário".

A intervenção da França foi rápida graças às tropas posicionadas na África - a imagem mostra soldados da infantaria francesa no Chade. AFP PHOTO / PASCAL GUYOT

Um artigo interno, intitulado “A inexorável decomposição de uma vitrine da democracia africana”, explica que em menos de um ano, o Mali, considerado durante vinte anos por Paris como um modelo de democracia na África de língua francesa, transformou-se em um barril de pólvora que ameaça a Europa. Le Monde destaca ainda que a decisão de Hollande teve um grande consenso político, inclusive da direita e da extrema-direita, com exceção da extrema-esquerda.

Já o jornal Aujourd’hui en France analisa o papel do chefe de Estado como chefe de guerra. A ironia vem em uma charge, em que Hollande repete a si mesmo, várias vezes: “Eu sou o chefe das Forças Armadas, eu sou o chefe das Forças Armadas”. Mais distante, um homem comenta: “é preciso admitir que ele surpreende às vezes...”.

Outro assunto bastante explorado pela imprensa francesa é a impressionante mobilização no domingo em Paris contra a futura lei que vai aprovar o casamento homossexual no país. Grupos de direita e de católicos querem pressionar o governo para que desista do projeto, que também prevê a adoção de crianças por casais gays. Os organizadores convocam os manifestantes a comparecer na capital vestidos de azul, branco e rosa, além de reservar passagens de trem e providenciar mil ônibus para quem vier de outras cidades, relata o jornal Libération.Várias estações de metrô no trajeto da passeata permanecerão fechadas durante algumas horas.