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Egito/Crise política

Jornais franceses condenam massacre no Egito

Os jornais franceses desta sexta-feira, 16 de agosto de 2013, comentam a situação tensa do Egito e se perguntam o que acontecerá no país após a violenta repressão de manifestações dos partidários do presidente deposto Mohamed Mursi.

Imagens da TV mostram as ruas do Egito após o massacre desta quarta-feira, 14 de agosto de 2013.
Imagens da TV mostram as ruas do Egito após o massacre desta quarta-feira, 14 de agosto de 2013. Reprodução Youtube
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"Massacre de Estado" é a manchete de Libération. O jornal progressista acredita que o ataque das forças da ordem contra dois acampamentos de partidários do presidente deposto Mohamed Mursi na quarta-feira, 14 de agosto de 2013, que fez mais de 600 mortos, pode radicalizar a Irmandade Muçulmana.

Em seu editorial, Libération afirma que os integrantes da confraria "não representam o ideal dos combatentes pela liberdade", mas "um massacre é um massacre e a indignação não deve ser seletiva".

Para o jornal, o general que controla o Egito mostrou "a verdadeira natureza do regime que pretende instaurar pela força", ou seja, uma ditadura militar como a de Mubarak.

Libération alerta que o Ocidente, que havia na prática apoiado o golpe de Estado, deve condenar essa repressão violenta. Os liberais que hoje apoiam o massacre dos islamitas podem ser as vítimas da violência de amanhã, já que o exército "está disposto a tudo para conservar seu poder".

O diário compara os militares egípcios ao regime de Bashar al-Assad na Síria. E essa violência vai ao final das contas favorecer os radicais islâmicos. "Os generais egípcios estão matando a primavera árabe", conclui Libération.

Impasse

"O impasse sangrento", diz a manchete de L'Humanité. Em seu editorial, o jornal comunista critica a reação comedida dos países ocidentais diante do "banho de sangue" no Cairo, lembrando que durante anos as potências estrangeiras fecharam os olhos para as ações de militares e grupos radicais no Egito, desde que não prejudicassem seus interesses econômicos.

"O povo egípcio precisa de uma solidariedade ativa e não de especulações sombrias que acabam favorecendo o obscurantismo", afirma L'Humanité.

Le Figaro se interroga sobre o que acontecerá no Egito depois dessa demonstração de força do exército. O jornal conservador afirma que os militares tinham outros meios para acabar com as manifestações pró-Mursi, mas que o violento ataque contra os acampamentos da Irmandade Muçulmana tinham um outro objetivo: "mostrar que o exército não vai mais tolerar que os islamitas possam usar a revolução egípcia para questionar seu poder".

Le Figaro comenta ainda que após esse confronto brutal a Irmandade Muçulmana não poderá mais participar de um retorno à democracia guiado pelos militares. O jornal conclui que só resta resperar que dos dois lados vozes mais responsáveis preguem o diálogo.

Por sua vez, La Croix fala em "fracasso sangrento". Os ocidentais esperavam que o Egito pudesse ser um ponto de apoio sólido na região, em meio ao caos na Sírias, às tensões na Tunísia e às incertezas na Líbia. E agora os egípcios correm o risco de se massacrarem uns aos outros em busca de bodes expiatórios.

Segundo o jornal cristão, eles quiseram sancionar o fracasso econômico e as escolhas político-religiosas de Mursi. Mas agora as perspectivas para o país, que espanta os turistas e os investidores, parecem ainda piores.

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