Ameaça de calote dos EUA preocupa jornais franceses

A ameaça de uma moratória da dívida dos Estados Unidos continua a assombrar a imprensa francesa nesta manhã. Os jornais ainda não foram contaminados pelo otimismo dos democratas e republicanos que esperam um acordo para hoje.  

Capa dos jornais franceses: Les Echos, Le Figaro, Libération, La Croix, L'Humanité e Aujourd'hui en France desta terça-feira, 15/10/13 Montagem/RFI

Ao contrário das manchetes otimistas nos Estados Unidos, a imprensa francesa ainda parece mais cautelosa sobre um final feliz das negociações em Washington. O conservador Le Figaro coloca na manchete que os Estados Unidos têm três dias para evitar o pior. Para o jornal, é difícil imaginar uma economia como a americana dando um calote nos seus credores.

Se prevalecer a razão,  democratas e republicanos vão conseguir encontrar um acordo, ainda que provisório, para tirar a administração americana desse impasse. A expectatva é que o Tesouro ganhe um fôlego para refinanciar suas dívidas e honrar seus compromissos até fevereiro de 2014. Mas os conflitos entre os dois lados vão voltar a explodir na hora de negociar o orçamento definitivo para 2014.

Já o diário econômico Les Echos afirma que as negociações para tirar os EUA do bloqueio orçamentário estão num bom caminho, mas o jornal também se interessa pelas consequências políticas. E quem deve sair perdendo são os republicanos. O jornal avalia que a ala mais conservadora, o Tea Party, está prejudicando a imagem do partido.

Uma pesquisa do Wall Street Journal, citada pelo jornal,  revela que os americanos acreditam que o Partido Republicano está fazendo um jogo político rasteiro nessa quada-de-braço com Obama. Pior: essa estratégia extremista deixou o país à beira do caos e abre espaço para que a China amplie as suas ambições de se firmar como principal ator da diplomacia mundial.

Rússia
 

O Libération traz uma longa análise explosão da xenofobia na Rússia. O assassinato de um jovem russo na semana passada, supostamente por um imigrante do Cáucaso, levou a uma onda de violência e a uma reação, no mínimo duvidosa, das autoridades russas. Ontem, mais de mil imigrantes foram detidos para averiguação.

O Libé escreve que há uma grande hipocrisia na Rússia. De um lado, o país tira proveito dessa mão-de-obra imigrante barata que vai trabalhar, essencialmente, na construção civil e na limpeza. Mas, ao mesmo tempo, a população é cada vez mais intolerante e a própria polícia faz vistas grossas para atos racistas.

O jornal católico La Croix cita os slogans desses grupos nacionalistas que bradam "Rússia para os russos". O jornal também lembra que vaários políticos estão se aproveitando desse clima de hostilidade contra os imigrantes para ganharem votos.