Escândalo de espionagem não deve afetar relação entre os EUA e a França
Os jornais franceses desta terça-feira dão destaque para o desdobramento do escândalo de espionagem dos Estados Unidos contra a França. Mas, segundo a imprensa, apesar do tom de indignação das autoridades francesas, o caso não deve ter grande impacto nas relações diplomáticas entre os dois países.
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O jornal Les Echos afirma o governo francês mostrou sua indignação com esse novo escândalo de espionagem. O premiê, Jean Marc Ayrault, o chanceler francês, Laurent Fabius, e o presidente François Hollande rapidamente declararam que a prática da espionagem é "inaceitável" entre países aliados. Mas, para o diário econômico, a raiva deve ficar apenas na retórica. A França não tem nenhum interesse em retaliar comercialmente os Estados Unidos. E mesmo que quisesse, a Organização Mundial do Comércio não tem nenhum dispositivo para punir um tipo de espionagem tão generalizada.
Segundo L'Humanité, a França tem outros motivos para ser discreta. O jornal lembra que o governo francês já sabia há algum tempo dessas atividades secretas dos Estados Unidos, mas permaneceu calado por também ser "cúmplice" dos americanos na espionagem de outros países. Por esse motivo, o diário comunista afirma que a França não tomará uma atitude como a de Dilma Rousseff. Quando veio a público que os Estados Unidos espionavam as suas comunicações, a presidente do Brasil anulou sua viagem a Washington. A reportagem cita ainda o presidente boliviano, Evo Morales, que diz que a Europa "é uma colônia do Império" de Washington.
Os analistas ouvidos pelo Libération argumentam que a espionagem entre países aliados é uma prática comum e que, nesse terreno, vale tudo. Na competição econômica entre as grandes empresas, não existe esse conceito de aliados. Todos são rivais. O auge dessa espionagem americana, que monitorou milhões de contas de emails e telefonemas na França, aconteceu entre o final de 2012 e o começo de 2013. Ou seja, em pleno período das negociações de um acordo comerical entre a União Europeia e os Estados Unidos.
Aujourd'hui en France também comenta o caso e destaca o comunicado oficial da Casa Branca. Os Estados Unidos disseram que o país "recolhe informações no exterior" como todos os demais pares da comunidade internacional.
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