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Imprensa

Mídia alternativa é opção de ucranianos para se informarem sobre crise no país

Banho de sangue. Indignação. Essas são algumas das palavras usadas pelos jornais franceses desta sexta-feira (21) para descrever a situação na Ucrânia. O jornal La Croix também fala da situação na Ucrânia, mas dá destaque para a cobertura jornalística alternativa aos tradicionais meios de comunicação do país.

Um manifestante em  Kiev, capital da Ucrânia, em 21 de fevereiro de 2014.
Um manifestante em Kiev, capital da Ucrânia, em 21 de fevereiro de 2014. REUTERS/David Mdzinarishvili
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O jornal católico La Croix lembra que quase todos os canais de televisão na Ucrânia pertencem a aliados do presidente ucraniano Vikto Yanukovicht. Por isso, diante da censura nas televisões ucranianas tradicionais, as cenas dos confrontos nas ruas de Kiev podem ser vistas sem cortes apenas na internet.

Essa mídia alternativa tem tido enorme sucesso durante esses dias de conflito e milhões de ucranianos acessam os sites da Espreso.tv, por exemplo, para verem em tempo real as imagens da Praça da Independência. Esses canais não têm recursos e são sustentados por doações dos espectadores.

Segundo o jornal, a visita a esses sites têm sido a principal fonte de informação dos ucranianos nesses dias de crise. Incomodados com a censura, muitos jornalistas abandonaram as redes convencionais e também se voltam para essas novas mídias.

Drama

A capa do Libération dá a dimensão do drama da Ucrânia. Uma foto de um manifestante com os olhos fechados -não se sabe se ele está vivo ou não- amparado por outros manifestantes, ilustra a primeira página da edição de hoje. No título, o jornal diz que os ucranianos foram "traídos pela Europa" e lembra que mais de 90 opositores do governo foram mortos nos últimos 2 dias. Em um editorial muito crítico, o jornal se pergunta: Quantas pessoas ainda terão que morrer na Ucrânia para que a Europa reaja?

O jornal faz também um paralelo com a Síria, "um outro cliente de Vladmir Putin", escreve o Libé. Nos dois casos, ataca o editorial, os líderes europeus mostraram que a "coragem" não está entre suas principais qualidades. As palavras também são duras para o presidente Yanukovitch a quem o jornal se refere como um "bandido que virou presidente".

Desunião europeia

Nas páginas internas, o jornal Le Figaro mostra fotos de manifestantes entrincheirados atrás de escudos improvisados para se protegerem da polícia e de corpos pelo chão da capital Kiev. No editorial, o jornal avalia que, mesmo entre os diplomatas, tradicionalmente mais reservados, o tom mudou. Agora não se fala mais de uma mera crise política, mas, sim, de “guerra civil”.

Nesse contexto, a diplomacia é bem-vinda, claro, mas é preciso agir rápido. O primeiro passo é o de encontrar uma posição comum. Para o Le Figaro, a Europa está desunida. Cada país cuida apenas de seus próprios interesses e todos subestimaram as ambições russas na Ucrânia.

Fator Putin

A capa do jornal Aujourd’hui en France traz uma fotomontagem de verdadeiras cenas de batalha em Kiev e uma foto do presidente russo Vladmir Putin com um ar frio e distante. Segundo o jornal, os confrontos entre os manifestantes pró-europeus e a polícia deixaram 100 mortos ontem. La Croix escreve que a Europa não consegue acalmar a situação, pois Putin exerce um forte poder sobre a Ucrânia.

O jornal lembra que essa ex-república soviética já foi usada como quintal de Stalin e que Putin não esconde essa nostalgia dos tempos da "grande Rússia soviética". Em uma reportagem intitulada "O poderoso chefão de Kiev", o jornal argumenta que Putin não economiza esforços para manter viva a influência russa na Ucrânia. Para o presidente russo e para muitos naquele país, explica um analista, a Ucrânia pertence à Rússia e a queda da União Soviética foi vista como uma "catástrofe geopolítica".

 

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