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Ao som de música brasileira, comida típica e muita conversa em torno de futebol, um grupo de oito franceses de Vorey sur Arzon, na região sudeste do país, se reúne uma vez por mês para discutir a organização da viagem dos sonhos: assistir uma Copa do Mundo no Brasil.

Patrick Eyrault (esquerda) e outros dois amigos nos preparativos para ida ao Brasil
Patrick Eyrault (esquerda) e outros dois amigos nos preparativos para ida ao Brasil Arquivo pessoal
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O sonho do grupo, formado por profissionais liberais e empresários com idade entre 50 e 60 anos, começou a tomar forma há um ano e meio por iniciativa de Patrick Eyrault e outros dois amigos. Das doze pessoas que se interessaram pelo projeto, oito foram selecionadas, por questões de logística e também de temperamento.

Fãs de futebol, Patrick e os companheiros já haviam reservado suas passagens de avião desde setembro, antes mesmo da seleção francesa se classificar para o Mundial, o que aconteceu só em novembro, depois da vitória de 3 a 0 sobre a Ucrânia, no Stade de France.

Evento histórico e imperdível

“Eu tenho 50 anos. Ir a uma Copa do Mundo no Brasil é o sonho da minha vida. Acho que da próxima ver que o país vier a sediar uma Copa, infelizmente já estarei morto”, diz. "Uma Copa no Brasil me faz sonhar. A Copa do Catar, por exemplo, não me faz sonhar. Para mim, o Brasil é o país do futebol. É a festa, futebol, é a emoção”, afirma Patrick, dono de um hotel e restaurante na cidade de Vorey sur Arzon.

Para viver o que consideram um evento histórico e imperdível, os integrantes do grupo estimaram em um ano e meio o tempo necessário para organizar a viagem, reservar as passagens aéreas e a hospedagem por um período de 15 dias. Tempo suficiente para os gastos previstos no orçamento, fixado em 3 mil euros (R$ 9.739) cada um.

Eles decidiram evitar uma agência de turismo para economizar e também para se sentirem mais livres para decidir o trajeto e o prazo de estada em três cidades: Fortaleza, Salvador e Rio de Janeiro.

O grupo vai partir de Lyon, no sudeste da França, no dia 14 de junho diretamente para Fortaleza com escala em Lisboa. A escolha da capital cearense foi para conciliar a paixão do futebol com o clima de férias e ainda seguir a sugestão de um dos membros do grupo que já esteve na cidade e se encantou com as belezas locais, as paisagens, a mestiçagem local e a música.

“O espírito do grupo é de festa, de descoberta de um país e de um encontro com as pessoas. Há um aspecto humano e não apenas só futebol”, explica Patrick.

Maracanã é a cereja do bolo

“Em Fortaleza sei que tem pescadores que chegam na praia, vendem peixes que poderemos comer ali mesmo, em barracas. A viagem também é para vivenciar a cultura local, é um pouco de férias também”, estima.

Em Fortaleza, o grupo vai tentar ver o jogo do Brasil contra o México. Na seqüência, em Salvador, assistir a partida da França contra a Suíça e terminar a estada no país no Rio de Janeiro, onde a seleção francesa vai enfrentar Honduras, no mítico estádio do Maracanã. “Seria a cereja do bolo”, diz Patrick.

Ainda à espera do sorteio da Fifa para os ingressos dos jogos, os torcedores do grupo não ficarão decepcionados se não conseguirem entrar nos estádios. O plano, caso não consigam as entradas, será assistir os jogos por telões nas ruas ou bares.

Para Patrick Eyrault, a viagem ao Brasil durante a Copa faz parte de um esforço financeiro, mas também profissional. Como proprietário de um hotel e restaurante, ele não pode se ausentar por mais de duas semanas de seu negócio.

“Minha reflexão também foi em relação ao orçamento. Gostaria de vivenciar a abertura da Copa, que será um momento de festa por todo o Brasil. Sei que não terei acesso aos estádios nas quartas e semifinais por causa dos preços dos ingressos”, diz. "Verei esses jogos pela televisão, mas ao menos já terei vivido momentos inesquecíveis. Durante os jogos da primeira etapa há ingressos, festas por todos os lugares. Esse foi meu raciocínio”, conclui Patrick.

O grupo já pagou 1.200 euros (R$ 3.900) em passagens aereas e reservação de um apartamento por uma semana no Rio de Janeiro que vai custar 300 euros (R$ 970) para cada um.

Os torcedores ainda precisam comprar passagens aéreas de Salvador ao Rio de Janeiro e acertar o alojamento na capital do Ceará. A indefinição não assusta o grupo que, pelo menos até agora, não reclama dos preços.

"Não acho o Brasil caro"

 “Eu acho os preços normais. Não acho o Brasil caro, é um país acessível, não é um país caro. É claro que os preços vão aumentar durante a Copa do Mundo, mas nada que possa influenciar minha decisão. Visitei o país há 4 anos e mesmo se os preços aumentarem 30% em média, ainda será razoável", afirma. As manifestações de rua e os protestos previstos durante o Mundial de futebol não preocupam o grupo.

“Não tenho preocupação alguma, viajo com tranquilidade. É preciso ser prudente, evitar provocar as pessoas. No Brasil, colocamos uma camiseta, uma bermuda, um par de chinelos e já estamos misturados na massa”, garante. "Basta evitar sair com uma câmera fotográfica no pescoço, corrente de ouro. Infelizmente há pessoas que precisam sobreviver”, completa.

Durante sua estada no Brasil, Patrick diz que ficará com o coração de torcedor divido entre seu país natal e o anfitrião da Copa. Mas o francês não hesita em dizer com quem deverá ficar o troféu de campeão: “Gostaria de ver o Brasil ganhar essa Copa em casa. Vai ser importante para os brasileiros, um grande momento de comunhão. Foi o que vivi em 98 quando a França ganhou o Mundial, foi emocionante. É o orgulho de um povo. E no caso do Brasil, pode servir também para trazer paz”, completou.
 

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