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Imprensa aprova 'audácia' de Manuel Valls, mas teme lentidão do governo

A imprensa francesa analisa nesta quarta-feira (9) o programa de governo anunciado ontem pelo novo primeiro-ministro Manuel Valls. Os jornais revelam entusiasmo com o estilo dinâmico e corajoso do primeiro-ministro, mas têm dúvidas sobre os resultados concretos da ação do governo na economia e no combate ao desemprego.

O primeiro-ministro Manuel Valls durante seu pronunciamento na Assembleia Nacional.
O primeiro-ministro Manuel Valls durante seu pronunciamento na Assembleia Nacional. REUTERS/Charles Platiau
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Para o Aujourd'hui en France, o pronunciamento de Valls no Parlamento mostra uma clara mudança de tom no governo. As propostas feitas por ele têm cara de programa presidencial, segundo o diário. O Aujourd'hui en France nota, no entanto, que Valls detalhou algumas medidas para sanear as contas públicas, outras não, o que leva a crer que a conta será paga pela classe média.

O diário popular destaca em seu editorial que faltam resultados concretos no combate ao desemprego, garantias de aumento do poder aquisitivo e a volta do crescimento econômico. "Os franceses estão saturados de palavras e promessas", adverte o Aujourd'hui en France.

Valls omite deliberadamente cortes sociais

O jornal de esquerda Libération avalia que Valls impôs seu estilo e seu método de gestão, ou seja, ele é um político que "enfrenta a realidade de frente, mesmo se ela for dura e cruel, e propõe soluções concretas" para modificá-la. O problema, na opinião do Libération, é que Valls omitiu deliberadamente pontos polêmicos e apresentou um programa "cheio de buracos".

O primeiro-ministro propôs respostas concretas ao eleitorado de esquerda, que boicotou as urnas nas eleições municipais e causou uma derrota histórica ao Partido Socialista, mas esqueceu de falar que o corte de 50 bilhões de euros previsto nas contas públicas terá um preço: por exemplo, a redução das garantias do seguro-saúde e a diminuição de alguns benefícios sociais. Para o Libération, essa omissão é contraditória com a promessa feita pelo primeiro-ministro de dizer "toda a verdade" aos franceses.

Reformas sem tabu

O jornal liberal Les Echos gosta do estilo de Manuel Valls. "Reformas sem tabu" é a manchete do diário. Mas já na primeira página, o Les Echos remete a um artigo de um economista que afirma que reduzir os encargos sociais de quem ganha o salário mínimo, como Valls anunciou, é uma medida datada e ineficaz. Na opinião do economista André Gauron, Valls teria feito melhor se reduzisse os encargos das empresas francesas que atuam no setor de exportações.

Em seu editorial, o Les Echos aprecia o jeito arrojado e a audácia do novo premiê, mas nota que teria sido mais útil apresentar uma agenda para 100 dias de governo em vez de um programa de sete anos, como ele fez. O governo de François Hollande é marcado pela lentidão de suas ações, então fica no ar a dúvida se Valls vai conseguir colocar em prática o que planejou.

Na contramão do resto da imprensa, o Le Figaro acha que Valls propôs medidas de continuidade e que seu discurso foi uma ocasião perdida de mostrar sua audácia. O diário reconhece, no entanto, que o novo chefe do Executivo lançou sinais positivos para as empresas e criticou o euro forte, um fator que tem penalizado quase a totalidade dos países europeus.

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