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Imprensa

Para jornais franceses, morte de García Márques deixa "solidão eterna" em seus leitores

Nesta sexta-feira, os jornais franceses se rendem ao talento do escritor colombiano Gabriel García Márques que morreu nesta quinta-feira (17) aos 87 anos no México. Nas redes sociais, fãs anônimos e personalidades como o presidente dos EUA Barack Obama e a cantora colombiana Shakira lamentaram a morte do autor.  

Gabriel García Márquez .
Gabriel García Márquez . Reuters
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"Solidão eterna". Essa é a manchete do Libération nesta sexta-feira. O jornal dedica três páginas ao escritor que é comparado ao francês Victor Hugo, mas, Garcia Marquez é um "Hugo tropical do século 20, globalizado". O Nobel de Literatura é "um verdadeiro símbolo do sonho latino-americano e das suas lutas dos anos 60", sintetiza o jornal.

A genialidade de "Gabo" também é contextualizada. O romance "Cem anos de solidão" foi publicado quatro anos após "Jogo da Amarelinha", de Julio Cortazar, e no mesmo dia do lançamento do álbum "Sergent Pepper" dos Beatles, lembra o jornal. O Libération  afirma que Garcia Marquez se tornou "um ícone pop" que exportou o imaginário latino-americano para o resto do mundo.

Da sua geração, porém, "só resta o peruano Mario Vargas Llosa, seu amigo que se tornou seu melhor inimigo", diz o Libération. 

Laços com a esquerda

O Libération relata que o primeiro encontro de Gabriel García Marques com Fidel Castro aconteceu alguns dias após o início da revolução cubana. Na época, Marquez era jornalista, a "mais linda profissão do mundo", segundo o colombiano. Apesar dos desvios do regime castrista e das acusações de desrespeito aos direitos humanos, até o fim, Marquez nutriu a amizade por Fidel Castro "talvez seu único amigo", diz o jornal de esquerda.

O jornal Aujourd'hui en France também ressalta o "engajamento político" do colombiano. Crítico do regime militar colombiano, Marquez passou uma temporada na Europa nos anos 50, e durante toda a sua carreira nunca deixou de defender as "vítimas das ditaduras militares latino-americanas". No seu país natal, seu nome também aparece como mediador nas negociações de paz entre o governo colombiano e os guerrilheiros das Farc.

Repercussões nas redes sociais

A morte do escritor colombiano Gabriel Garcia Marquez é lamentada em todo o mundo. E as redes sociais foram o principal veículo para os comentários de leitores e admiradores. "Mil anos de solidão e de tristeza pela morte do maior colombiano de todos os tempos”. Assim o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, anunciou a morte de Gabriel García Márques na sua conta no twitter.

Também pelo twitter, a guerrilha Farc lamentou a morte do escritor. O presidente dos Estados Unidos Barack Obama escreveu que teve o privilégio de encontrar García Márques no México. "Ele me deu uma edição autografada de Cem anos de solidão que guardo até hoje", disse Obama. O ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton também se diz fã da obra. "Há quarenta anos li Cem anos de solidão e até hoje me surpreendo com o seu dom único".

Na França, o presidente François Hollande disse que Gabriel García Márques foi um "gigante da literatura". A cantora colombiana Shakira escreveu que a vida de Gabo, como era carinhosamente chamado, foi um "presente".

E até Mario Vargas Llosa, desafeto de García Márques, se expressou sobre a morte do colega colombiano. "Seus romances vão sobreviver"; afirmou. Os dois autores agraciados com o Prêmio Nobel brigaram há quarenta anos. Llosa deu um soco no rosto de seu então amigo. Os motivos dessa briga nunca foram revelados.

 

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