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Risco de fragmentação da Ucrânia se agravou com referendos

Os jornais desta segunda-feira (12) destacam em manchete a crise política na Ucrânia e a realização dos referendos de independência, neste domingo, nas regiões de Donetsk e Lugansk. Sobre a imagem de um miliciano pró-russo encapuzado e com uma metralhadora Kalashnikov em punho, o jornal de esquerda Libération afirma que o presidente russo, Vladimir Putin, está no comando das manobras e segue com o trabalho de desestabilização da Ucrânia. 

Membros da comissão do referendo durante contagem dos votos em Donetsk, 11 de maio de 2014.
Membros da comissão do referendo durante contagem dos votos em Donetsk, 11 de maio de 2014. REUTERS/Maxim Zmeyev
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O Libération foi até as cidades rebeladas no leste da Ucrânia, entrevistou pró-ucranianos e independentistas e chegou à conclusão que reina uma grande confusão. Os separatistas dominaram os prédios públicos, mas nas ruas os nacionalistas não se identificam com a truculência dos pró-russos.

Em seu editorial, o Libération afirma que na maior impunidade e "com sucesso" o presidente Vladimir Putin "prossegue na estratégia da guerra de conquistas. "Ontem a Crimeia, hoje a Ucrânia, amanhã talvez a Moldávia e os países bálticos", escreve o Libération sobre as conquistas de Putin, que "violam todas as regras do direito internacional". O jornal considera os referendos "uma farsa" e critica as condições em que foram organizados: "sem listas eleitorais, cabines para voto secreto e observadores independentes".

O Libération critica duramente os europeus, que "se contentam em aplicar sanções contra a Rússia" sem dar o apoio que a Ucrânia merecia. Em um texto de análise, o Libération mostra que os europeus estão divididos em relação a uma reação mais agressiva contra Moscou e esperam o resultado das eleições de 25 de maio para ver o que fazer.

Situação sem retorno

O diário Le Figaro acredita que a Ucrânia está a caminho da fragmentação. Para o jornal conservador, os referendos deste domingo marcam "uma guinada sem retorno". Le Figaro estima que o governo interino de Kiev foi mal aconselhado pelos europeus e americanos. Teria sido melhor enviar uma mensagem de tolerância aos pró-russos do que hostilizá-los abertamente. O jornal acredita que os habitantes de outras regiões da Ucrânia que falam russo vão se inspirar nas experiências da Crimeia, de Donetsk e Lugansk para reivindicar um pertencimento histórico e cultural à Rússia.

Para o Le Figaro, Putin tem a faca e o queijo na mão. Provavelmente, ele "vai deixar a situação degenerar ainda mais no leste da Ucrânia para transformar o país numa federação", o que ele sempre quis, segundo o Le Figaro.

Le Parisien nota que a maioria dos eleitores pró-Kiev boicotou as urnas. É muito complicado analisar os resultados dos referendos porque só foram votar as pessoas que são a favor da independência, escreve o Le Parisien. Segundo o diário popular, os separatistas evocaram uma taxa de participação de 70%, mas os pró-ucranianos relatam que havia quatro vezes menos seções eleitorais abertas do que em outras votações.

Ex-chanceler alemão critica visão da União Europeia

O jornal Les Echos apresenta a opinião do ex-chanceler alemão Gerard Schroeder, que se tornou um grande amigo de Putin depois que deixou o governo na Alemanha. Para o ex-chanceler social-democrata, "a União Europeia esquece que a Ucrânia é um país profundamente dividido culturalmente". Schroeder lembra que os habitantes do sul e do leste da Ucrânia sempre viveram voltados para a Rússia e os do oeste, para a Europa.
 

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