Jornais abordam riscos nas eleições do Parlamento Europeu

A poucos dias do início das eleições para o Parlamento Europeu, que vão acontecer de quinta-feira a domingo nos 28 países da União Europeia, a imprensa aborda vários temas da campanha. Na França, o jornal Le Figaro diz em sua manchete que o presidente François Hollande teme uma nova derrota do Partido Socialista no domingo (25).

Capa dos jornais franceses Le Figaro, Libération e Les Echos desta segunda-feira (19).

O diário conservador Le Figaro acredita que uma derrota eleitoral dos socialistas nas eleições europeias vai trazer problemas internos para Hollande. Depois do fracasso de seu partido nas eleições municipais, o presidente se envolveu diretamente na campanha para evitar que o partido de extrema-direita Frente Nacional ampliasse seu espaço no cenário político francês, mas a estratégia não está dando certo porque as pesquisas apontam o PS em terceiro lugar, atrás do FN e do partido conservador UMP.

Le Figaro faz uma análise dessa campanha em nível europeu e chega à conclusão que a Alemanha está no centro do tabuleiro político. O partido da chanceler Angela Merkel, o conservador CDU, deve ganhar a votação na Alemanha. "Enquanto a França atravessa uma crise de desconfiança em relação à União Europeia, os alemães enxergam vantagens e principalmente a liderança de Merkel no comando do bloco europeu", escreve o diário.

Le Figaro informa que a coalizão no governo em Berlim, entre os social-democratas e os cristãos-democratas de Merkel, poderá contar com um batalhão de deputados no Parlamento Europeu "muito úteis e em número duas vezes mais importante do que a França". Para o jornal, a França ficará marginalizada na União Europeia.

Acordo de livre comércio com os EUA gera polêmica

O jornal progressista Libération aborda em manchete um dos temas dessa campanha europeia, alvo dos partidos "eurocéticos": o tratado de livre comércio entre os Estados Unidos e a União Europeia, atualmente em negociação.

A quinta rodada de discussões com os americanos começa nesta segunda-feira (19) em Washington. Libération aproveita o gancho para denunciar a falta de transparência das propostas em debate.

O jornal afirma em seu editorial que a Europa tem leis de proteção dos consumidores muito mais vantajosas do que os Estados Unidos, "que privilegiam os ganhos das empresas". "Se um dia europeus e americanos chegarem a um acordo, certamente os europeus vão perder parte de sua proteção", afirma Libération.

O diário denuncia a "total falta de transparência" com que esse tratado está sendo negociado pela Comissão Europeia, além de ser muito mal explicado pelos líderes do bloco em seus respectivos países. Isso contribui para o aumento do euroceticismo, declara Libération, acrescentando que Bruxelas tem todo o interesse em dar informações mais detalhadas sobre o tratado, conhecido na Europa pelas siglas TTIP e Tafta.

Batalha em torno da presidência da Comissão Europeia

O diário econômico Les Echos dedica sua manchete à disputa pela presidência da Comissão Europeia. O jornal explica que os grupos políticos do Parlamento Europeu lançaram cinco candidatos à presidência da Comissão, mas as negociações serão complicadíssimas.

Em princípio, o grupo que obtiver a maioria das cadeiras do Parlamento Europeu terá o direito de indicar um candidato que seria obrigatoriamente aceito pelas demais bancadas. Porém, as pesquisas apontam um recuo tão grande dos partidos tradicionais que mesmo se eles formarem uma aliança no Parlamento, continuariam em minoria.

Isso significa que conservadores, socialistas e liberais terão provavelmente de negociar com os "eurocéticos" um nome para substituir José Manuel Durão Barroso, atual presidente do executivo europeu. A designação do presidente da Comissão está prevista para meados de julho, mas a briga entre o novo Parlamento e os líderes do bloco, representados no Conselho Europeu, poderá durar vários meses.