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Imprensa

Execução de jornalista pode levar EUA a ampliarem intervenção no Iraque

A execução bárbara do jornalista americano James Foley pelo grupo radical Estado Islâmico é o destaque dos jornais franceses desta quina-feira (21). Para a imprensa, o avanço dos extremistas no norte do Iraque pode fazer os Estados Unidos voltarem para o país.

Capa dos jornais franceses Libération, Le Figaro, Aujourd'hui en France desta quinta-feira, 21 de agosto de 2014.
Capa dos jornais franceses Libération, Le Figaro, Aujourd'hui en France desta quinta-feira, 21 de agosto de 2014. Montagem/RFI
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O Libération coloca uma foto do jornalista americano na capa com o título: “Os Estados Unidos contra o Estado Islâmico”. A decapitação de James Foley leva Barack Obama “de volta ao Iraque e para uma guerra que ele gostaria de já ter terminado”, escreve o jornal.

Em um editorial intitulado "Mensagem", o jornal avalia que, desde 2009, Obama fez de tudo para evitar repetir os erros de George Bush no Oriente Médio, procurado se afastar dos problemas iraquianos e dos horrores cometidos na Síria. Mas a execução monstruosa de James Foley mostra que a guerra contra o extremismo islâmico na região não acabou.

Agora, os radicais do Estado Islâmico, que sentem que estão perdendo o terreno por causa dos bombardeios americanos, parecem dispostos a tudo e a morte bárbara de civis é a principal mensagem que eles querem enviar para o Ocidente.O jornal lembra ainda que, desde 2002, seis cidadãos americanos foram decapitados por jihadistas.

Um repórter apaixonado pela profissão

O jornal Aujourd'hui en France também traz na capa uma foto de Foley com a manchete "Assassinado". O jornal dedicou duas páginas à execução do jornalista de 40 anos. Em entrevista à Columbia Journalism Review, Diane Foley, mãe do jornalista, fala que o “repórter era apaixonado pela profissão” e que queria contar ao mundo as "histórias reais" de pessoas em zonas de conflito.

Antes de ser raptado na Síria em novembro de 2012, ele cobriu o conflito na Líbia e também a insurreição popular contra o presidente sírio Bashar al-Assad. Segundo outros jornalistas que ficaram presos com ele, mas que já foram libertados, Foley nunca se tornou submisso aos sequestradores e sempre lutou para que os reféns dos jihadistas fossem tratados com respeito.

Em entrevista ao Aujourd'hui en France, o filósofo francês Bernard Henri-Lévy diz que o Estado Islâmico representa uma ameaça maior que a Al Qaeda porque os jihadistas ocupam, de fato, um território. Além disso, eles têm um projeto macabro de exterminar os cristãos "do único lugar no mundo onde ainda se fala a língua de Cristo", diz Lévy.

Para o filósofo, não há alternativa. As potências ocidentais devem intervir, "sem a menor hesitação", militarmente. Países como o Catar e a Arábia Saudita têm que se comprometer nessa luta contra o Estado Islâmico, já que esses radicais também são uma ameaça para os países árabes, diz o filósofo.

Sotaque britânico intriga autoridades

No jornal Le Figaro, o destaque é o sotaque do assassino do jornalista. No vídeo da execução, que foi difundido pela internet, o jihadista fala algumas palavras com um sotaque britânico típico de Londres. O detalhe chocou a opinião pública no Reino Unido. O chanceler britânico, Philip Hammond, convocou uma reunião de emergência e disse que o vídeo é um "horror absoluto". O premiê, David Cameron, interrompeu as suas férias.

A polícia britânica tenta, agora, identificar o assassino de James Foley. Na semana passada, o cantor de rap britânico Abdel Majed Abdel Bary publicou uma foto no Twitter na qual segura uma cabeça de uma pessoa não identificada. Em 2013, ele abandonou a sua carreira artística no Reino Unido para integrar grupos jihadistas na Síria. As autoridades britânicas afirmam que esse tipo de "fenômeno" é uma ameaça à segurança nacional.
 

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