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França/Política

Jornais analisam posicionamento social-liberal do governo de Hollande

O primeiro-ministro da França, Manuel Valls, está na primeira página de todos os jornais nesta quinta-feira (28). Ontem, ele apresentou seu novo gabinete e fez várias declarações reafirmando a linha social-liberal do governo. A imprensa analisa o posicionamento do executivo.

O primeiro-ministro da França, Manuel Valls.
O primeiro-ministro da França, Manuel Valls. REUTERS/Regis Duvignau
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O jornal progressista Libération estampa em sua capa a pergunta que todos estão se fazendo: "O governo é de direita?" O diário interrogou políticos e intelectuais sobre a identidade do novo gabinete.

Em seu editorial, o Libération admite que, vista do exterior, a pergunta é "absurda". Para o jornal, François Hollande e Manuel Valls não fizeram nada mais do que oficializar "uma política que segue as noções da democracia social europeia".

"Se é uma política de direita, então Matteo Renzi na Itália, Sigmar Gabriel na Alemanha, Ed Milliband na Grã-Bretanha, são todos de direita. Quanto a Barack Obama, ele seria qualificado, segundo os mesmos critérios, de ultraliberal", comenta o diário. Isso porque todos esses líderes aceitam as regras da economia de mercado e tentam usá-las no interesse das classes menos favorecidas.

Para Libération, a particularidade da França é que aqui as regras do mercado são menos aceitas e uma grande parte da esquerda acredita que, para ser digna desse nome, ela deve propor um projeto alternativo de sociedade.

O jornal se pergunta, então, se isso é uma fantasia ou um ideal legítimo. No primeiro caso, trata-se da esquerda reformista, e, no segundo, da esquerda radical. Libération afirma que Valls e Hollande escolheram o "real", mas que devem também levar em conta o "ideal" para reconciliar as duas tendências da esquerda.

Aplausos da direita

"A lição social-liberal de Manuel Valls" é a manchete de Le Figaro. O jornal nota que o premiê foi muito aplaudido ontem (27) pelo empresariado ao assumir a nova doutrina econômica do governo.

Em seu editorial, Le Figaro afirma que Valls mostrou "coragem e lucidez", mas alerta que agora é preciso passar à ação. E, para isso, o governo precisa do apoio de uma maioria parlamentar. O problema de Manuel Valls e da França, segundo o diário conservador, é que "o Partido Socialista é o último de sua espécie, no mundo, que pensa que o trabalho é uma alienação, que os lucros das empresas são um escândalo, que o crescimento se compra com o dinheiro público e que os empregos se criam na administração".

Declaração de amor às empresas

O jornal especializado em economia Les Echos traz na sua manchete a declaração de amor do premiê francês às empresas. "Nenhum de seus predecessores, mesmo originário da direita liberal, havia feito declarações desse tipo em favor da competitividade, ainda por cima exigindo tão poucas contrapartidas da parte dos empreendedores", analisa o diário em seu editorial.

Para Les Echos, o executivo embarcou em uma viagem diametralmente oposta àquela que foi prometida em 2012, quando o presidente François Hollande tomou posse. O jornal nota que, provavelmente, o governo foi obrigado a isso devido aos indicadores catastróficos, incluindo o aumento do desemprego em julho. Mas trata-se de uma viagem sem volta, segundo Les Echos, porque na primeira hesitação, compromisso ou renúncia em relação aos objetivos fixados pelo premiê, o país entraria em uma crise de confiança sem precedentes.

Críticas da esquerda

No outro extremo do espectro político, o jornal comunista L'Humanité critica o posicionamento do primeiro-ministro. Em seu editorial, o jornal diz que Manuel Valls foi correndo pedir a bênção dos patrões, logo após apresentar seu novo governo. Em sua linha econômica está embutido um novo dogma, segundo L'Humanité: o que é bom para os patrões, é bom para o país. Mas o jornal alerta que Hollande e Valls terão dificuldade em impor essa política liberal por muito tempo, já que muitas vozes dissidentes já se fazem ouvir dentro da maioria parlamentar.

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