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Imprensa

Thomas Piketty critica resposta "inadequada" da UE à crise econômica

Neste sábado (30), o Conselho Europeu se reúne em Bruxelas e o presidente francês François Hollande deve aproveitar a ocasião para insistir na necessidade de uma outra política econômica para a Europa. Em entrevista ao jornal Les Echos, Thomas Piketty, o economista francês que virou um verdadeiro pop star após a publicação do best-seller "o Capital" , também faz críticas às instituições europeias.

O economista francês Thomas Piketty , autor do livro "O Capital".
O economista francês Thomas Piketty , autor do livro "O Capital". Wikipedia/Sue Gardner.
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Na edição de hoje do jornal Les Echos,  o economista e diretor de estudos da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, afirma que a resposta das autoridades europeias à crise não foi "adaptada". Ao escolher o caminho da redução forçada da dívida pública em um momento em que a inflação e o crescimento estão muito baixos, os europeus provocaram um efeito inverso. Ou seja, "a zona euro vai levar vinte talvez trinta anos" para resolver os problemas dos déficits públicos. Diante desse cenário sombrio, Piketty diz que os países têm que repensar com urgência tudo o fizeram até aqui.

Problemas econômicos da União Europeia não começaram com a crise

Piketty é categórico. O problema nasceu com a criação de uma união monetária sem que uma união fiscal e econômica tenha sido elaborada ao mesmo tempo. Isso resultou no "pior dos mundos", diz o economista. Um exemplo que mostra bem essa confusão é que, dentro da zona do euro, existem 18 impostos diferentes que incidem sobre as empresas.

Em um manifesto assinado há alguns meses, Piketty propõe a criação de um "Paralmento da zona do euro". O órgão teria o objetivo de regular, por meio de aprovação em maioria simples, as decisões de política econômica, como questões fiscais e a mutualização da dívida pública. Mas, diante da grande desconfiança dos europeus em relação às instituições europeias, Piketty afirma que seu projeto tem pouquíssimas chances de avançar.

A Europa é "tábua de salvação" para François Hollande

Na capa da edição de hoje, o jornal de esquerda Libération se questiona: "E se a Europa salvar Hollande?"
No editorial, o diário afirma que talvez a Europa tenha se conscientizado dos seus erros. Por anos, o dogma "mortal da austeridade" foi imposto pelos países do norte. E, na contramão dos bancos centrais em todo o mundo, o BCE (Banco Central Europeu) insistiu em política monetária firme. Resultado: a zona do euro é a "única do mundo a viver uma estagnação sem fim da atividade".

Com esses dados na manga, Hollande vai tentar arrancar um compromissos dos demais colegas europeus. "Começar do zero" e forçar um pacto europeu para estimular o crescimento. Essa vai ser a missão do presidente francês em Bruxelas.

Em um mea culpa que, por enquanto, se restringe aos seus colaboradores mais próximos, Hollande se arrepende de não ter sido mais enérgico ao cobrar uma postura pró-crescimento dos europeus assim que assumiu a presidência em 2012.

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