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França/Educação

Mudança nos horários do ensino público gera polêmica na França

O início de um novo ano letivo nesta terça-feira (2) na França, para 12 milhões de alunos do ensino fundamental e médio, é a principal manchete da imprensa. A novidade dessa volta às aulas é a entrada em vigor de uma reforma que altera os horários das aulas na rede pública, frequentada por 10 milhões de estudantes.

As crianças francesas voltaram às aulas nesta terça-feira.
As crianças francesas voltaram às aulas nesta terça-feira. REUTERS/Charles Platiau
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O diário Le Parisien resume a situação: o governo socialista tem uma nova ministra da Educação, Najat Vallaud-Belkacem, que tomou posse na semana passada e já vai enfrentar uma tremenda crise: vários prefeitos se recusam a aplicar a reforma que muda o horário escolar e obriga as prefeituras a financiar atividades esportivas e culturais, dentro do estabelecimento de ensino, no período da tarde.

A partir deste ano, os alunos do ensino fundamental terminarão a escola uma hora mais cedo quatro vezes por semana, às 15h30 em vez de 16h30, e essas horas serão compensadas na quarta-feira de manhã, um dia em que não havia aulas no ensino fundamental. Depois das 15h30, as crianças poderão continuar na escola, mas fazendo atividades esportivas e culturais com monitores da prefeitura.

Alguns prefeitos, entre eles os de extrema-direita, reclamam da falta de recursos para financiar a reforma. O governo afirma ter proposto as mudanças para melhorar as condições de ensino das crianças, que ficavam cansadas com a longa jornada de aprendizado. O jornal Le Parisien estima que esse objetivo "está longe de ser atingido".

Professores em falta

O jornal de esquerda Libération dedica sua manchete ao desencanto dos professores franceses com a profissão. Para dar uma ideia do problema, Libération informa que o governo socialista tenta contratar, desde 2012, 7 mil professores de matemática, línguas e literatura, mas não consegue preencher as vagas.

Os salários baixos e a perda de prestígio na imagem dos professores explicam em parte por que os jovens franceses não se interessam mais pela profissão, que foi tão valorizada no passado. Mas o Libération rejeita a tese da crise de vocação. Para o jornal, os professores franceses e seus representantes se acostumaram com as regalias de um emprego estável e deram pouca importância, até agora, às mudanças profundas introduzidas pela internet na educação. As dificuldades encontradas em sala de aula seriam relacionadas com um modo anacrônico de lecionar, sem levar em conta a revolução tecnológica e o interesse dos alunos pelas novas tecnologias.

"Aberração"

Le Figaro afirma em seu editorial que a maioria dos franceses é contra a reforma do ritmo escolar. O jornal compara essa empreitada do governo socialista com a que instituiu as 35 horas de trabalho semanais na França, referindo-se às duas propostas como "uma aberração". O jornal diz que em vez de mexer nos horários das aulas, o governo deveria se preocupar em melhorar a qualidade do ensino. Para justificar as críticas, o Figaro afirma que 20% dos alunos da rede pública francesa chegam ao quinto ano não sabendo ler, escrever e contar corretamente.

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