Orçamento da França de 2015 tem muitas falhas, afirmam jornais
Uma análise detalhada do orçamento do governo francês para 2015 e os protestos pró-democracia em Hong Kong que desafiam o regime chinês estão entre os grandes destaques da imprensa francesa desta quinta-feira, 2 de outubro.
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O jornal Les Echos dedicou seis páginas para analisar detalhadamente o que propõe o governo socialista de François Hollande em seu orçamento para o ano que vem e constatou diversas falhas. O plano do governo prevê um total de €21 bilhões de economia em três setores. O corte maior, informa o jornal, é nas despesas relacionadas à proteção social.
Depois, no funcionamento da máquina estatal, em terceiro, nas coletividades locais. Mas é preciso esclarecer melhor onde serão realizadas essas economias, avalia o jornal. Um dos problemas levantados pelo Les Echos é que o orçamento trabalha com uma previsão de crescimento da economia francesa de 0,4% este ano e 1% no ano que vem, estimativas julgadas otimistas demais.
Para tentar equilibrar suas contas, a França vai emprestar um valor recorde nos mercados, de €188 bilhões no ano que vem, avisa o jornal. Segundo cálculo do Les Echos, o imposto de renda vai parar de subir e três milhões de contribuintes ficarão isentos do pagamento de acordo com a reforma anunciada pelo governo.
Menos impostos e mais aumentos
Em tom de ironia, o Aujourd'hui en France diz que o imposto de renda vai ser menor como prometido pelo governo mas, por outro lado, os contribuintes vão ter que colocar a mão no bolso para compensar os aumentos previstos no orçamento.
Entre eles, estão as contribuições para aposentadoria, tarifas de energia, serviços públicos e até os impostos locais. Isso sem falar na previsão de alta dos combustíveis. O orçamento também prevê o enxugamento de quase 12 mil postos de trabalho no funcionalismo público e a criação de pouco mais de 10 mil empregos para os setores considerados essenciais como Educação, Justiça e Segurança, informa o Aujourd'hui en France.
Para Le Figaro, o orçamento de 2015 da França já é criticado e levanta dúvidas sobre a capacidade do governo de cumprir com seus compromissos. O jornal conservador estima que será difícil economizar €21 bilhões de euros, porque o plano conta com previsões julgadas otimistas demais. O jornal destaca ainda que o governo prorrogou mais uma vez o prazo para o país voltar ao equilíbrio orçamentário. A nova data foi fixada para 2019.
"Primavera de Hong Kong"
O jornal Libération chama a mobilização de “Primavera de Hong Kong”, manchete que faz referência à Primavera Árabe que acabou com várias ditaduras no Oriente Médio. Para o Libé, o regime de Pequim teme que a onda democrática, que teve início com os estudantes, se estenda para o resto da China. A contestação deu uma demonstração de força ontem, dia em que a China celebrou sua Festa Nacional, por isso Pequim teme um contágio.
Mas, por outro lado, Libération constata que o movimento pró-democracia começa a mostrar sinais de divisões internas. Alguns líderes pedem a saída imediata do chefe do executivo local para negociar diretamente com o regime chinês, enquanto outras lideranças pregam o diálogo para resolver a crise.
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