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União Europeia/Austeridade

França e Alemanha se aproximam com discurso pró-crescimento

A reunião de segunda-feira (20) entre os ministros das Finanças e da Economia da França e da Alemanha estampa as capas dos principais jornais franceses desta terça-feira. Depois de uma série de atritos em torno da condução da política econômica da União Europeia imersa na crise, as duas principais capitais do bloco resolveram acalmar os ânimos e prometer uma ação conjunta para a retomada do crescimento na zona do euro.

Da esquerda para a direita, os ministros alemães Sigmar Gabriel e Wolfgang Schäuble; e da França, Michel Sapin e Emmanuel Macron
Da esquerda para a direita, os ministros alemães Sigmar Gabriel e Wolfgang Schäuble; e da França, Michel Sapin e Emmanuel Macron REUTERS/Thomas Peter
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Em editorial, o Libération afirma que o rigor orçamentário "estrangulou" a economia do bloco, ao ponto de a Europa ter se tornado a única região do mundo que não cresce. "Se todo mundo pisa no freio, o carro para". Essa foi a constatação a que Angela Merkel finalmente chegou, de acordo com o texto assinado por Laurent Joffrin. Isso não quer dizer que seja hora de soltar rojões, já que a chanceler alemã não vai querer ver desmoralizada a principal bandeira de sua política econômica para o continente.

E além das questões econômicas para uma Alemanha que vê a recessão se aproximar perigosamente, entra na pauta o custo político do relaxamento da austeridade. Não só pelo lado esquerdo, mas também pela direita: um analista ouvido pelo jornal afirma que Berlim teme o crescimento da extrema-direita e, principalmente, uma aproximação entre os partidos anti-europeus Frente Nacional, na França, e a Alternatif für Deutschland, da Alemanha. O principal catalizador da extrema-direita é a crise econômica.

Mesmo assim, para o jornal, a primeira boa notícia em muito tempo é o fato de que Berlim admite finalmente que, sem investimento, a Europa não sai da crise. Mas, que fique claro: o investimento tem de ser privado.

Le Figaro vê o encontro com outros olhos. Para o diário conservador, quem faz pressão é a Alemanha, por conta do déficit francês, que assume níveis alarmantes. Em duas páginas do caderno de economia, o jornal explica que os ministros não comentaram publicamente o orçamento da França, mas que ele é o pano de fundo das discussões, já que a eventual estagnação francesa poderia arrastar todo o bloco para o buraco.

O mais importante, para os dois países, é mostrar coesão e liderança, ainda que, nos bastidores, "a tensão permaneça alta", já que Berlim teme que faltam reformas estruturais e esforço orçamentário do lado de Paris. Para Le Figaro, os quatro ministros só não falaram em pacto orçamentário porque isso exigiria contrapartidas da França e colocaria as duas potências novamente em rota de colisão.

O diário econômico Les Echos faz um meio termo: em editorial, o jornal diz que a boa nova é o fato de os dois países voltarem a conversar de maneira civilizada. Mas que as principais divergências sobre a condução econômica da zona do euro estão muito além de "sorrisos forçados".
 

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