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Imprensa

Déficit orçamentário do Brasil se tornou incontrolável, diz Les Echos

Em reportagem publicada nesta segunda-feira (2) sobre o déficit orçamentário do Brasil, que atingiu 6,7% do PIB em 2014, o jornal francês Les Echos informa que o rombo foi bem maior que previsto. No artigo, o diário especializado em economia também revela as opiniões de analistas que criticam duramente as medidas de ajustes anunciadas pelo governo, comparando-as com a situação da Europa.

O jornal francês Les Echos desta segunda-feira (2), traz artigo sobre o deficit do Brasil que duplicou em 2014.
O jornal francês Les Echos desta segunda-feira (2), traz artigo sobre o deficit do Brasil que duplicou em 2014. lesechos.fr
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Em tom de ironia, Les Echos diz que todo final de mês no Brasil vem se tornando cada vez mais difícil. “Não por uma questão de solvência, mas porque a publicação de estatísticas oficiais reserva normalmente surpresas cada vez mais desagradáveis”, escreve o jornal.

Ninguém esperava um resultado positivo diante da degradação das contas públicas, mas o rombo do déficit foi mais profundo do que muita gente imaginava, escreve o jornal lembrando que em 2014 o índice mais do que dobrou em relação ao ano anterior, que foi de 3,25% do PIB.

Segundo Les Echos, “os deslizes no orçamento antes da campanha eleitoral se revelaram incontroláveis”. Ao invés de exibir um excedente primário no orçamento, “o país registrou um déficit de 0,6% do PIB, pela primeira vez em 15 anos!”, exclama o jornal.

A conseqüência, escreve Les Echos, é que o peso da dívida cresceu e já atinge 63,4% do PIB. Um economista ouvido pelo jornal e que trabalhou sob as ordens do nono ministro da Fazenda, Joaquim Levy, explicou ao jornal que os resultados ruins levaram a presidente Dilma Rousseff a mudar sua política econômica.

“A mudança se impunha”, afirma o diário exibindo outros déficits registrados pelo país, como o buraco de US$3,9 bilhões da balança comercial e o déficit de 4,2% do PIB da balança de pagamentos correntes.

Medidas amargas

As medidas anunciadas pelo ministro Levy, como aumento de impostos e redução de despesas, agradaram um executivo do banco francês Crédit Agricole, que estimou: “Já estava na hora do anúncio das medidas”.

Mas, as medidas de austeridade não são aprovadas por unanimidade, lembra o jornal, informando a postura crítica adotada pela esquerda e dentro do próprio PT. Les Echos ouviu Luiz Gonzaga Belluzzo, próximo da presidente e crítico das medidas que segundo ele, demonstram uma “capitulação diante dos mercados financeiros”.

Ele ainda considera nefasta a política adotada pelo governo Dilma 2. “É um pouco como na Europa”, disse Belluzzo ao comparar a adoção de medidas de ajuste orçamentário em um contexto de economia em recessão. “É inadequado”, concluiu.
 

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