Economia francesa e Boko Haram são destaques da imprensa nesta sexta
Os jornais franceses trazem manchetes variadas nesta sexta-feira (27). Entre os assuntos de destaque, estão a retomada do crescimento - ainda que modesto - na França; e a queda de preços no mercado imobiliário. Mas, enquanto a pauta da maior parte dos jornais é bastante local, o Libération optou por estampar na capa uma reportagem especial sobre a seita terrorista Boko Haram que assola a Nigéria e provoca uma crise humanitária de proporções bíblicas.
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Apesar dos sinais de retomada econômica, a progressão de 1% do PIB não parece animar Le Figaro. A edição de hoje do diário conservador traz um editorial de rara ironia. Quem começa a ler o texto tem a impressão de que está no jornal errado: parece que o editorialista Paul-Henri du Limbert vai elogiar o presidente François Hollande, fato raro nas páginas do Figaro.
"Para quem não percebeu, a França está melhor. Você duvida? É o 'anti-hollandismo' que atrapalha o seu julgamento". Da próxima frase em diante, a ironia toma conta: "Eis o novo discurso governamental". O jornal defende que o crescimento é uma boa notícia, mas que o país deveria ir muito melhor, diante de uma conjuntura favorável, com baixa do euro, do petróleo e dos juros da imensa dívida pública francesa.
Para o jornal, a taxa de 1% poderia subir consideravelmente se o governo promovesse reformas na fiscalização, nas leis trabalhistas e nas contas públicas. Reformas essas, que na opinião do Figaro, podem ir direto para a gaveta, sob a desculpa de que "tudo está melhor". Para variar, o diário termina com um ataque ao presidente: "depois de desperdiçar a primeira parte do mandato, nos preparamos para desperdiçar a segunda".
Mercado imobiliário
Tanto Le Figaro quanto o Aujourd'hui en France se preocupam com a queda do preço dos imóveis no país. No último trimestre de 2014, a baixa foi de 2,2% e a perspectiva para 2015 é de 5% de retração. Especialistas ouvidos pelo Aujourd'hui indicam que nas regiões mais valorizadas, como Paris, a queda pode chegar a 10% até 2017.
Para o jornal, isso se deve a alguns fatores: uma economia estagnada, alto desemprego e, acima de tudo, um mercado que, há anos, pratica preços acima do razoável. Em editorial, o Aujourd'hui explica que os imóveis não paravam de subir, enquanto a economia inteira encolhia, o que fez com que a classe média parasse de investir. A depressão, na opinião do diário, não basta para relançar as compras. "E não há porque não pensar que este reajuste se transforme num severo corretivo para o mercado", conclui o editorial.
Boko Haram
Em linha totalmente diferente, o Libération traz uma foto impressionante na capa: uma jovem negra, com seus poucos pertences empilhados sobre a cabeça, olha cansada para a câmera, enquanto outras pessoas caminham com dificuldade no cenário desértico ao fundo. É a saga sangrenta da seita terrorista Boko Haram, como anuncia a manchete.
Em nove páginas entremeadas por fotos dignas de prêmio, o diário progressista conta como um pequeno grupo islâmico tradicionalista se transformou em organização jihadista e gerou um dos maiores êxodos "da história da humanidade", como alertou a ONG Human Rights Watch.
Não bastasse o terror que o Boko Haram espalha pela Nigéria, o jornal atenta para o fato de que esta organização - que não teria mais do que 10 mil combatentes - flerta perigosamente com o grupo Estado Islâmico, o que poderia criar um movimento jihadista internacional sem precedentes.
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