Acesso ao principal conteúdo
África/Terrorismo

Juramento de lealdade de Boko Haram ao grupo Estado Islâmico não é uma surpresa

O vídeo divulgado no sábado (7) pelo grupo jihadista da Nigéria, Boko Haram, no qual seu chefe jura ser fiel ao grupo Estado Islâmico, não chegou a surpreender os analistas políticos. Há vários meses, o líder dos jihadistas, Abubakar Shekau, vem manifestando o seu apoio ao grupo radical, apesar de até 2014 se definir como uma formação próxima da Al-Qaeda.

Aboubakar Shekau, líder do Boko Haram, jura lealdade ao grupo Estado Islâmico, em vídeo divulgado em 7 de março de 2015.
Aboubakar Shekau, líder do Boko Haram, jura lealdade ao grupo Estado Islâmico, em vídeo divulgado em 7 de março de 2015. Captura Youtube
Publicidade

Desde 2011, especialistas em terrorismo vinham estudando as possíveis ligações entre Boko Haram e a rede Al-Qaeda do Maghreb Islâmico, a Aqmi. Mas em 2014 o discurso de Aboubakar Shekau, líder do Boko Haram, mudou; ele passou a manifestar apoio aos líderes de dois movimentos: Abou Bakr al-Baghdadi, do grupo Estado Islâmico, e Ayman al-Zouahiri, da Al-Qaeda sem, no entanto, prometer lealdade a nenhum deles.

No decorrer das últimas semanas o esquema de comunicação do Boko Haram começou a se inspirar no do grupo EI, especialmente nos vídeos de execução de prisioneiros. Um dos vídeos chegou até a ter legendas em francês, uma première no estilo do Boko Haram.

Na complexa rede de articulações das organizações terroristas, Boko Haram deu o passo que considera mais proveitoso para sua própria ascensão. O grupo Estado Islâmico está se fortalecendo e o braço do movimento na Líbia ganha destaque nas mídias com suas ações. Um contexto favorável para Aboubakar Shekau dar um bom golpe publicitário,  jurando lealdade ao grupo EI.

Mas quais serão os desdobramentos dessa promessa? Alvo de ofensivas de envergadura da coalizão internacional formada pelo Chade e pela República dos Camarões, os jihadistas conseguirão novos reforços do grupo Estado Islâmico que, suspeita-se, já vem lhes fornecendo armas e munições?

Esta é, certamente, a grande aposta de Aboubakar Shekau, cujo juramento deve obrigar os ocidentais a se mobilizarem mais ainda, especialmente a França, já mergulhada em uma campanha militar antiterrorista no oeste e no centro da Áfica.

Para o especialista em luta contra o terrorismo Yan St-Pierre, da empresa alemã Security Consulting, "o juramento de lealdade de Boko Haram pode ser uma forma de lançar uma mensagem para levantar o moral de suas tropas e atrair novos combatentes".

Confrontos

Neste domingo (8), os exércitos do Chade e da Nigéria lançaram uma ofensiva aérea e terrestre no nordeste da Nigéria contra o Boko Haram. Os alvos foram as regiões de Bosso e Diffa

Milhares de soldados estavam posicionados há mais de um mês nessa região, onde os jihadistas realizaram diversos ataques. As autoridades afirmaram que diversos combatentes islamitas foram mortos, sem dar mais detalhes.

A ofensiva regional das últimas semanas e as operações do exército da Nigéria causaram baixas relevantes nos contigentes dos islamitas, obrigados a abandonar várias posições no norte do país.

 

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.