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Parceria entre Merkel e Hollande vai de vento em popa

François Hollande e Angela Merkel se reúnem nesta terça-feira (31) em Berlim para o 17° encontro ministerial franco-alemão, ocasião para a imprensa fazer uma análise da relação entre o líder socialista e a chanceler conservadora. Os diários Le Figaro e Les Echos têm a mesma avaliação: depois de um início de relacionamento difícil, em 2012, e nenhuma sintonia na maior parte dos assuntos, Merkel e Hollande aprenderam a se conhecer e a se respeitar, apesar das divergências, e hoje firmam uma boa parceria à frente da Europa.

François Hollande e Angela Merkel fotografados em Moscou, no dia 5 de fevereiro de 2015, durante reunião sobre o conflito na Ucrânia.
François Hollande e Angela Merkel fotografados em Moscou, no dia 5 de fevereiro de 2015, durante reunião sobre o conflito na Ucrânia. AFP PHOTO / SERGEI SUPINSKY
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Le Figaro evoca "um casal sem paixão, mas unido pelas dificuldades". O jornal francês lembra que, no início do mandato de Hollande, o relacionamento dele com Merkel "era frio", mas foi se intensificando "ao longo das tragédias" compartilhadas. A crise na zona do euro, a delicada situação econômica da Grécia, o conflito na Ucrânia e, mais recentemente, os atentados em Paris e a queda do avião da Germanwings levaram Hollande e Merkel a estabelecer uma relação de confiança mútua.

Em tom dramático, Le Figaro diz que os dois líderes "se uniram no luto, nas lágrimas e na solidariedade". Essa imagem é importante para os franceses, talvez mais do que para os alemães. A França cresce e se sente segura amparada na força econômica da Alemanha. Por isso, é fundamental que os dois países, que protagonizaram um passado de guerras, caminhem juntos.

Atentados em Paris fortalecem ligação

Le Figaro conta que a chanceler ficou muito comovida com os atentados de janeiro em Paris. Merkel estava reunida com o premiê britânico, David Cameron, em Londres, quando soube do ataque à redação de Charlie Hebdo. Ela telefonou para Hollande e teria dito: "não importa o que você decida, nós estaremos ao seu lado", relata Le Figaro. O tempo e os percalços criaram essa cumplicidade, explica o diário, até na área econômica, que costuma ser o principal motivo de atrito entre Paris e Berlim. "Demorou, mas hoje o executivo francês adota um discurso econômico compreensível para os alemães", cita o texto.

Melhor que Sarkozy

O ministro das Finanças do governo Hollande, Michel Sapin, aproveita para atacar o ex-presidente Nicolas Sarkozy. Ele afirma que Merkel detesta as situações imprevisíveis, uma característica típica de Sarkozy. "A chanceler sabe como Hollande vai reagir e isso apazigou a relação entre eles", afirma Sapin.

Satélite espião

Les Echos também dedica um longo texto à relação Merkel-Hollande. Segundo o diário econômico, Paris e Berlim se aproximam cada vez mais, aprofundando a cooperação nos planos diplomático, econômico e de defesa. Um exemplo prático dessa nova fase de "conivência" entre os dois líderes é o satélite espião que a Alemanha está financiando para a França, sem contrapartida industrial.

Hoje, em Berlim, Merkel e Hollande vão anunciar a construção desse satélite espião ótico nas instalações da Airbus em Toulouse. Os alemães vão arcar com a maior parte do investimento, de € 200 a € 300 milhões, depois de longas negociações e de os franceses terem conseguido vencer a resistência do lobby industrial alemão, que naturalmente via com desconfiança a liderança da França nessa área.

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