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França/Resenha da imprensa

Desemprego bate recorde e atinge 3,5 milhões de franceses

Um relatório divulgado nesta segunda-feira (27) pelo ministério francês do Trabalho mostra que a taxa de desemprego no país bateu um recorde em março: 3,5 milhões de pessoas estão sem trabalho na França metropolitana. Apesar de a economia francesa dar sinais de retomada, esse cenário ainda não se reflete em contratações.

Pessoas aguardam atendimento em agência do Pôle Emploi, em Paris
Pessoas aguardam atendimento em agência do Pôle Emploi, em Paris AFP PHOTO/Philippe Huguen
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O assunto, que estampa as capas dos jornais nesta terça-feira, é particularmente sensível para o Partido Socialista no poder. É que o presidente François Hollande condiciona a apresentação de sua candidatura à reeleição em 2017 à retomada do emprego.

O diário econômico Les Echos discute os riscos da estratégia do presidente de depositar todas as fichas num indicador econômico tão sucetível à influência extra-governamental, como o desemprego. O texto assinado por Cécile Cornudet lembra que, quando Hollande começou com esse discurso, ninguém sabia ao certo se era retórica ou estratégia política.

Estrategista

Um ano depois, a editorialista tem a certeza de que o objetivo do presidente é "estabelecer por ele próprio as condições de sua candidatura para evitar que outros o façam em seu lugar". Ela aponta que a estratégia não é falha, politicamente: "Se, um ano atrás, muita gente cogitava uma prévia socialista para escolher o candidato, hoje essa ideia é praticamente descartada".

Mesmo que o emprego não retome os trilhos, não restará tempo hábil para a criação de uma candidatura alternativa. Além disso, seu adversário mais provável, o ex-presidente Nicolas Sarkozy, tem no desemprego seu próprio teto de vidro. Afinal, a curva do desemprego é ascendente há dez anos e Hollande só ocupa o Palácio do Eliseu há três.

No mês de março, 15.400 franceses se inscreveram na categoria A do Pôle Emploi - o órgão responsável pela reinserção das pessoas no mercado de trabalho. A categoria A corresponde justamente àqueles trabalhadores que não exercem nenhuma atividade remunerada.

O tempo dirá

Se, em janeiro, houve uma leve retomada no emprego, depois de um dezembro historicamente ruim, os números de ontem mostram a fragilidade daquele cenário. Hoje, há ainda mais franceses desempregados que no fim de 2014. Para o jornal Les Echos, a boa nova está marcada para o início da década de 2020, quando a geração baby-boom dos anos 70 deve se aposentar.

Este é o foco da matéria do Libération. Citando um estudo da France Stratégie, o jornal diz que, em sete anos, os chamados trabalhadores sênior corresponderão a 30% da população ativa. Suas aposentadorias propiciarão a criação de 620 mil postos de trabalho por ano. Além disso, prestar serviços a essa população aposentada será uma fonte de novos empregos.

Reforma econômica

O diário conservador Le Figaro é mais pragmático. Entrevista oito empresários e economistas, que oferecem seu antídoto, também conservador: formação dos jovens no mercado de trabalho, flexibilização dos contratos e horas de trabalho, novas modalidades de demissão, redução de encargos trabalhistas e da carga tributária das empresas.

Em editorial, Le Figaro afirma que durante décadas, tanto governos de esquerda quanto de direita se restringiram a atacar o desemprego do ponto de vista social, sem se engajar em reformas econômicas profundas.

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