Desemprego bate recorde e atinge 3,5 milhões de franceses
Um relatório divulgado nesta segunda-feira (27) pelo ministério francês do Trabalho mostra que a taxa de desemprego no país bateu um recorde em março: 3,5 milhões de pessoas estão sem trabalho na França metropolitana. Apesar de a economia francesa dar sinais de retomada, esse cenário ainda não se reflete em contratações.
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O assunto, que estampa as capas dos jornais nesta terça-feira, é particularmente sensível para o Partido Socialista no poder. É que o presidente François Hollande condiciona a apresentação de sua candidatura à reeleição em 2017 à retomada do emprego.
O diário econômico Les Echos discute os riscos da estratégia do presidente de depositar todas as fichas num indicador econômico tão sucetível à influência extra-governamental, como o desemprego. O texto assinado por Cécile Cornudet lembra que, quando Hollande começou com esse discurso, ninguém sabia ao certo se era retórica ou estratégia política.
Estrategista
Um ano depois, a editorialista tem a certeza de que o objetivo do presidente é "estabelecer por ele próprio as condições de sua candidatura para evitar que outros o façam em seu lugar". Ela aponta que a estratégia não é falha, politicamente: "Se, um ano atrás, muita gente cogitava uma prévia socialista para escolher o candidato, hoje essa ideia é praticamente descartada".
Mesmo que o emprego não retome os trilhos, não restará tempo hábil para a criação de uma candidatura alternativa. Além disso, seu adversário mais provável, o ex-presidente Nicolas Sarkozy, tem no desemprego seu próprio teto de vidro. Afinal, a curva do desemprego é ascendente há dez anos e Hollande só ocupa o Palácio do Eliseu há três.
No mês de março, 15.400 franceses se inscreveram na categoria A do Pôle Emploi - o órgão responsável pela reinserção das pessoas no mercado de trabalho. A categoria A corresponde justamente àqueles trabalhadores que não exercem nenhuma atividade remunerada.
O tempo dirá
Se, em janeiro, houve uma leve retomada no emprego, depois de um dezembro historicamente ruim, os números de ontem mostram a fragilidade daquele cenário. Hoje, há ainda mais franceses desempregados que no fim de 2014. Para o jornal Les Echos, a boa nova está marcada para o início da década de 2020, quando a geração baby-boom dos anos 70 deve se aposentar.
Este é o foco da matéria do Libération. Citando um estudo da France Stratégie, o jornal diz que, em sete anos, os chamados trabalhadores sênior corresponderão a 30% da população ativa. Suas aposentadorias propiciarão a criação de 620 mil postos de trabalho por ano. Além disso, prestar serviços a essa população aposentada será uma fonte de novos empregos.
Reforma econômica
O diário conservador Le Figaro é mais pragmático. Entrevista oito empresários e economistas, que oferecem seu antídoto, também conservador: formação dos jovens no mercado de trabalho, flexibilização dos contratos e horas de trabalho, novas modalidades de demissão, redução de encargos trabalhistas e da carga tributária das empresas.
Em editorial, Le Figaro afirma que durante décadas, tanto governos de esquerda quanto de direita se restringiram a atacar o desemprego do ponto de vista social, sem se engajar em reformas econômicas profundas.
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