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Figaro critica demora na investigação de soldados franceses acusados de estupro em Bangui

Os principais jornais e sites franceses repercutem as denúncias de abusos sexuais de menores da República Centro-Africana por militares das Forças Armadas da França. Para Le Figaro, é inaceitável que os soldados ainda não tenham sido ouvidos. As investigações eram secretas, até o início desta semana, quando o jornal britânico The Guardian tornou públicas as acusações.

Refugiados do campo de Mpoko, no aeroporto de Bangui , no ano passado.
Refugiados do campo de Mpoko, no aeroporto de Bangui , no ano passado. REUTERS/Luc Gnago
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Em sua versão onilne, Le Figaro critica o fato de que, um ano depois do início das investigações, somente alguns dos militares que teriam abusado das crianças foram identificados. "Até agora, esses 14 soldados não foram ouvidos pela Justiça", ressalta.

O jornal também publica que soldados de outras nacionalidades também teriam abusado sexualmente de menores de idade do campo de Mpoko, na região do aeroporto de Bangui, capital da República Centro-Africana. A denúncia foi feita pela ONG norte-americana Aids Free World, que teve acesso ao relatório da ONU sobre os supostos abusos.

Caso vergonhoso

Já o diário Le Monde, que traz o assunto em sua capa, classifica o caso como "vergonhoso". Para o jornal, as suspeitas sujam a imagem do Exército francês, presente no país africano desde dezembro de 2013 para conter uma guerra civil que apresentava risco de genocídio. Mas as Nações Unidas também têm sua parcela de responsabilidade, diz Le Monde, que questiona a transparência da organização.

O vespertino afirma que Anders Kompass, diretor de operações do Alto Comissariado pelos Direitos Humanos da ONU, foi quem alertou as autoridades francesas das acusações de abusos sexuais. Ele está agora sob investigação, foi suspenso de suas funções em abril e pode até mesmo ser demitido depois de cerca de 30 anos à serviço das Nações Unidas.

Então, além de revoltante e inumano, o caso também ressalta a falta de ética e as irregularidades dentro da própria ONU, diz Le Monde. "Resta saber agora como será a continuidade das investigações e se elas trarão resultados confiáveis", publica.

Segredo de Estado

Já o Libération dá destaque ao controverso silêncio das autoridades, durante quase um ano, sobre o assunto. Um correspondente do diário em Bangui entrevistou um alto responsável da ONU na República Centro-Africana que relatou que o caso sempre foi tratado como um segredo de Estado francês.

A Justiça da República Centro-Africana se diz indignada por não estar a par das denúncias e das investigações. Até agora, aliás, as autoridades centro-africanas dizem não ter acesso ao dossiê completo.

Ontem, as Forças Armadas francesas realizaram uma coletiva de imprensa e explicaram porque mantiveram silêncio sobre o caso por quase um ano. De acordo com o porta-voz do exército francês, o coronel Gilles Jaron, o objetivo de não tornar públicas as denúncias e as investigações era "dar tempo para a Justiça apurar o que realmente aconteceu".

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