Novo atentado mata pelo menos 20 pessoas no Afeganistão

Um dia depois do atentado que matou pelo menos 59 pessoas e feriu 134 em Cabul, uma nova explosão deixou pelo menos 20 vítimas nesta quarta-feira O presidente afegão Hamid Karzai, que estava na Alemanha, cancelou a viagem a Londres e convocou uma reunião de emergência com os responsáveis pela segurança. O governo teme o aumento das tensões entre xiitas e sunitas no país.

O presidente afegão, Hamid Karzai, e o presidente alemão, Christian Wulff, durante encontro em Berlim, nesta terça-feira. REUTERS/Fabrizio Bensch

No momento em que a OTAN se prepara para diminuir as tropas no Afeganistão, e iniciar a transferência do controle da segurança para o governo em 2012, o país é palco dos piores atentados desde 2008. Nesta quarta-feira, uma bomba de fabricação caseira explodiu em uma estrada no sul do país, na província de Helmand, em frente de um mini-ônibus. Sete mulheres e cinco crianças, todos da mesma família, morreram no ataque, segundo Mohammad Ismail, chefe das forças afegãs na região. As vítimas vinham de Lashkar Gah, capital da Província, e iam em direção ao distrito de Sangin.

Os especialistas temem uma nova escalada da violência no país, entre a maioria sunita, dos talibãs, e os xiitas, que representam cerca de 20% da população. O presidente afegão estava em Bonn, na Alemanha participando de uma conferência sobre o futuro do Afeganistão. Em um comunicado, a presidência confirmou o cancelamento da visita de Karzai à Grã-Bretanha. Em Londres, ele deveria assinar uma parceria estratégica com o governo britânico.Durante o dia, Karzai visitará um hospital na cidade onde estão sendo atendidas as vítimas do atentado.

O ataque desta terça-feira atingiu um santuário islâmico no centro da cidade. Centenas de fiéis estavam reunidos para celebrar a Ashura, uma da festa mais importantes para os muçulmanos xiitas. Outros dois atentados aconteceram simultaneamente no norte e no sul do país. Centenas de pessoas acompanharam o enterro das vítimas em Cabul.

Os talibãs afegãos, autores de diversos atentados no país, condenaram o ataque. As autoridades suspeitam que os ataques suicidas foram organizados por talibãs paquistaneses ou grupos radicais sunitas, presentes na fronteira. A embaixada americana em Cabul anunciou nesta quarta-feira que um cidadão americano está entre as vítimas.