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África do Sul/política

Partido de Mandela completa 100 anos em meio a divisões internas

O Congresso Nacional Africano (ANC na sigla em inglês) completa 100 anos neste domingo com uma grande festa em Bloemfontein, região central do país, tendo como ponto alto das celebrações um discurso do presidente Jacob Zuma. Enquanto a imprensa sul africana destaca que o partido, governado durante anos por Nelson Mandela , enfrenta profundas divisões internas, o Congresso Nacional Africano se esforça para mostrar a unidade da principal formação política do país em torno do atual chefe de estado.  

Logo de l'ANC qui célèbre ses 100 ans.
Logo de l'ANC qui célèbre ses 100 ans. anc.org.za
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Em seu aguardado discurso, Jacob Zuma disse que o objetivo fundamental era de uma sociedade multiracial onde todas as comunidades vivam em harmonia.

"Não é apenas uma celebração da ANC e de seus militantes , mas uma festa para todos os sul-africanos que, com a ajuda de todo o continente (africano), e do mundo inteiro, destruíram a opressão colonial e o apartheid para realizar o sonho de uma África do Sul livre, democrática, multiracial, não sexista e próspera”, afirmou Zuma em seu discurso.

“A luta foi longa dede 1652 quando os colonos europeus chegaram nesse país”, lembrou o presidente. “A África do Sul pertence a todos que aqui vivem, brancos e negros”, ressaltou.

Zuma apresentou a linha do partido para o ano de 2012 até o congresso marcado para dezembro, onde pretende se lançar à própria sucessão. “ Ele já demonstrou essa intenção, já que nenhum outro dirigente deverá tomar a palavra”, criticou Tefo Labaka, integrante da Liga jovem da ANC, grupoi de oposição ao atual presidente.

“Nós estamos unidos porque devemos ficar unidos para este centenário. Mas acredito que após a comemoração ficaremos muito divididos”, prevê.

Jacob Zuma é criticado abertamente pela base do seu partido, principalmente pela Liga da Juventude, pela lentidão na transformação do país após 17 anos de poder. Cerca de 25% da população está desempregada e milhões de pessoas vivem em favelas. As lideranças da Liga criticam duramente os brancos que mantém o poder econômico e pedem a nacionalização das minas e fazendas exploradas por agricultores brancos.

Neste domingo a festa pelos 100 anos do partido começou com um culto ecumênico misturando religião e política na pequena Igreja de Bloemfontein onde a ANC foi fundada,em 1912, com o nome de Congresso Nacional Indígena Sul-Africano (SANNC).

As mensagens parabenizando o partido vieram de correntes políticas distintas e de todo o mundo como as do presidente francês Nicolas Sarkozy e do primeiro-ministro britânico David Cameron até o “pai” da independência da Zâmbia, Kenneth Kaunda.

"Nunca mais você verá painéis com as inscrições ‘somente não-europeus’,‘ somente europeus’, ‘não-europeus e cachorros proibidos’. Toda a África do Sul é livre agora. Temos nossa dignidade como seres humanos”, declarou Ahmed Kathrada, um veterano do partido que foi preso durante o período do Apartheid ao lado de Nelson Mandela.

Mandela ausente

As celebrações pelo centenário do partido começaram há dois dias e no sábado, na mesma Igreja de Bloemfontein, foi realizada uma missa após o presidente Zuma ter acendido uma vela, benzida pelo prêmio Nobel da Paz, Desmond Tutu.

A chama deverá ser levada ao estádio de futebol da cidade onde um espetáculo de duração de 100 minutos contará a história do partido. Cerca de 100 mil pessoas são esperadas para participar da festa com as cores da ANC, amarela, verde e preta.

O governo sul-africano não conseguiu reunir os 46 chefes de estado como previsto, mas os presidentes de países vizinhos como Moçambique, Congo, Namíbia e Uganda, confirmaram presença.

Símbolo do partido ANC, o ex-presidente Nelson Mandela, de 93 anos, não participa das comemorações devido a seu estado de saúde considerado muito frágil. Mas o público deve ser contemplado com uma mensagem do dirigente histórico do partido.

 

 

 

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