Irã e potências iniciam negociações sobre programa nuclear iraniano em Moscou

As grandes potências e o Irã iniciaram nesta segunda-feira em Moscou mais uma rodada de negociações sobre o controverso programa nuclear iraniano. Esta é considerada a última chance para resolver o problema por vias diplomáticas. Neste domingo, o site da presidência iraniana citou uma declaração do presidente Ahmadinejad afirmando que seu país vai parar o enriquecimento de urânio a 20% caso as potências garantam o fornecimento de combustível nuclear. 

O prresidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, afirmou que seu país pode parar de enriquecer urânio a 20% caso as potências reconheçam garantam o fornecimento de combustível nuclear ao Irã. France 24

O chefe da delegação iraniana, Saïd Jalili, iniciou uma reunião com Catherine Ashton, chefe da diplomacia europeia e emissária do grupo 5+1, que reúne Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha.

A atividade de enriquecimento de urânio do Irã, que Israel e as grandes potências suspeitam de querer desenvolver a bomba atômica, está no centro das negociações previstas para continuar até esta terça-feira.

O grupo 5+1 pede que o Irã pare de enriquecer urânio a 20% e troque seu estoque de urânio enriquecido a 20% pelo combustível nuclear de que necessita. Em contrapartida, as potências prometem reduzir as sanções internacionais e cooperar com o Irã no uso civil da energia nuclear.

Um membro da delegação iraniana afirmou antes do início da reunião que essas negociações estão "fadadas ao fracasso" se as grandes potências não reconhecerem o direito do Irã de enriquecer urânio.

Um fracasso poderia ter consequências muito graves já que os Estados Unidos e Israel recomeçaram a indicar a possibilidade de uma eventual opção militar para bloquear o programa nuclear iraniano caso a diplomacia não alcance esse objetivo.

Declaração

O Irã vai parar o enriquecimento de urânio a 20% caso receba das grandes potências uma "garantia" de que elas vão fornecer o combustível nuclear de que o país necessita, declarou Mahmoud Ahmadinejad, citado pelo site da presidência iraniana.

"A República Islâmica do Irã sempre disse que se os países europeus entregassem ao Irã combustível a 20% , o Irã não faria enriquecimento nesse nível", declarou Ahmadinejad segundo a transcrição de uma entrevista ao jornal Frankfurter Allgemeine Zeitung postada no site da presidência.

"Hoje mesmo, se eles nos dão a garantia de que fornecerão o combustível a 20% para nossos reatores, não haverá nenhum problema", para cessar o enriquecimento a 20%, acrescentou.

Essas declarações, postadas no domingo à noite no site da presidência, não constam da versão da entrevista publicada sábado no site do jornal alemão.

Segundo a presidência, Ahmadinejad "insistiu no fato de que a República Islâmica do Irã estava pronta para negociar o enriquecimento de urânio a 20% no contexto de uma cooperação" com as grandes potências.

Ao mesmo tempo em que afirmou que o direito do Irã de enriquecer urânio não é negociável, o presidente e outros dirigentes iranianos deram a entender várias vezes nesses últimos meses que Teerã poderia renunciar voluntariamente a enriquecer urânio a 20% se seus direitos nucleares fossem reconhecidos pelas grandes potências.

Essa declaração publicada no site da presidência é, no entanto, a primeira vez que o presidente Ahmadinejad o diz de maneira tão clara.