Exército argelino controla parte do campo de gás e operação continua
O exército argelino controla uma parte do campo de gás em In Amenas, no leste da Argélia, próximo da fronteira com a Líbia, invadido por membros do grupo radical islâmico al-Mulathamin fortemente armados que detêm reféns. O local está cercado pelas forças especiais que tentam liberar as vítimas da ação, que visa exigir o fim da intervenção militar francesa no Mali, que já dura sete dias. Ainda não há um relatório oficial sobre o número total de mortos e feridos, que pode chegar a mais de 50 pessoas.
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De acordo com informações divulgadas pela agência de notícias Reuters e confirmadas pela RFI África, 30 reféns, dentre eles pelo menos sete estrangeiro, teriam sido mortos durante a entrada dos militares no campo de Tigantourine.
A agência de notícias estatal da Argélia, APS, chegou a anunciar o fim da operação argelina ainda na noite de quinta-feira, mas voltou atrás, confirmando apenas o controle parcial da zona. Ao menos 600 funcionários argelinos, um francês, dois britânicos e um queniano já foram liberados depois da invasão do local, segundo a mesma fonte. O governo do Japão revelou que apenas três japoneses foram liberados e outros 14 permanecem detidos. A empresa francesa CIS Catering informou que 150 de seus funcionários argelinos também estariam nas mãos dos sequestradores.
Na quarta-feira, radicais islâmicos fizeram 41 reféns estrangeiros e provocaram a morte de no mínimo um inglês e um argelino no campo de gás, a 1.300km ao sudeste da capital Argel, explorado pela petrolífera britânica BP, pela norueguesa Statoil e a argelina Sonatrach. Os reféns estrangeiros são de pelo menos dez nacionalidades, incluindo americanos, britânicos, noruegueses, japoneses e franceses. Segundo informações da agência de noticias da Mauritânia, ANI, Abou al-Baraa, um dos líderes do sequestro, foi morto durante a operação.
Em entrevista à televisão argelina na noite de quinta-feira, o ministro da Comunicação da Argélia, Mohamed Said, afirmou que as autoridades tentaram encontrar uma solução pacífica para conter os islamitas radicais vindos da vizinha Líbia. Ele justificou o uso da força alegando que o grupo queria sair do país levando os reféns estrangeiros para usá-los como "moeda de troca".
Reação Internacional
Os governos britânico e americano criticaram a operação argelina e lamentaram não terem sido consultados antes da intervenção. Já o Japão exigiu a suspensão imediata da ação de resgate. De acordo com uma declaração do presidente francês, François Hollande, feita nesta quinta-feira a invasão do local acontece em “condições dramáticas”. O primeiro-ministro britânico, David Cameron, sem confirmar detalhes sobre a ação a classificou de "terrível tragédia" e disse esperar por “más notícias”. Diante do ocorrido, Cameron cancelou seu discurso sobre a Europa previsto para sexta-feira, em Amsterdã, na Holanda.
Os Estados Unidos declararam que vão reforçar a segurança de seus compatriotas na região, enquanto empresas francesas pretendem repatriar seus funcionários localizados em zonas de risco. O governo americano anunciou ainda que vai disponibilizar meios aéreos para auxiliar o exército francês no envio de tropas e equipamentos ao Mali.
Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia aprovaram nesta quinta-feira, durante uma reunião de emergência realizada em Bruxelas, a criação de uma missão europeia com o objetivo de formar e reestruturar o exército do Mali. A missão prevê o envio de cerca de 450 soldados europeus, entre eles 200 instrutores, a partir de fevereiro, antes da data inicialmente prevista. O projeto vai custar 12 milhões de euros e tem duração inicial de 15 meses. Tropas de países africanos também são esperadas, a partir da próxima semana, para reforçar o combate contra radicais islâmicos. Uma centena de militares togoleses chegaram nesta quinta-feira à capital do Mali, Bamako.
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