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Egito/Sucessão presidencial

Al-Sissi é candidato à presidência do Egito, afirma jornal

O chefe do estado maior das Forças Armadas e ministro da Defesa do Egito, Abdel Fattah al-Sissi é candidato à presidência do país, afirma nesta quinta-feira o jornal Al Seyassah, do Kuwait. Mas a candidatura, esperada há bastante tempo, não foi confirmada oficialmente. Em comunicado, um porta-voz do exército egípcio afirma que as declarações foram mal interpretadas pelo diário.

O marechal Abdel Fattah al-Sissi declarou em uma entrevista ao jornal kuwaitiano Al-Seyasah sua vontade de se candidatar as presidênciais.
O marechal Abdel Fattah al-Sissi declarou em uma entrevista ao jornal kuwaitiano Al-Seyasah sua vontade de se candidatar as presidênciais. REUTERS/Stringer
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O porta-voz, no entanto, não desmente a candidatura e garante que, quando o marechal oficializá-la, o fará "diretamente ao povo" e não por meio da imprensa. Al-Sissi é um líder carismático, mas que conduziu as forças armadas com mão de ferro na repressão a qualquer manifestação da oposição.

Nova carreira
Ele nunca escondeu suas pretensões políticas e isso ficou ainda mais claro há dez dias, quando o estado maior lhe concedeu o direito de postular à direção do país. Para isso, ele deve deixar os cargos de vice-Primeiro ministro e ministro da Defesa, além de reformar-se do exército. Uma decisão delicada, mas que ele tomou sem hesitar.

Abdel Fatah al-Sissi teria dito ao jornal que "não tem outra escolha", senão atender ao "chamado do do povo egípcio" para que ele assuma o Executivo. O marechal comandou o golpe de Estado que destituiu em julho de 2013 o islamita Mohamed Mursi, primeiro presidente eleito democraticamente na história do Egito, e teve uma importante vitória política na metade de janeiro, ao conseguir aprovar por referendo uma nova Constituição.

Volta do exército
A candidatura de al-Sissi deve acentuar as tensões no Egito, onde partidários da Irmandade Muçulmana, confraria a que pertence o presidente deposto, continuam a denunciar o golpe e a repressão que seguiu. Mais de mil membros da organização foram mortos e os principais dirigentes - Mohamed Mursi entre eles - estão presos. O grupo foi classificado como organização terrorista pelo governo interino.

A eleição presidencial egípcia acontecerá antes das legislativas, contrariando o calendário de transição estabelecido após a retirada de Mursi do poder. Até junho, o país deve ter um novo presidente eleito. Uma vitória de al-Sissi restabeleceria o poder ao exército, que governou o país ininterruptamente da queda da monarquia, em 1952, até a revolução que derrubou Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011.

Abandonar a farda não deixaria de ser um risco para al-Sissi, já que ele poderia se enfraquecer ao deixar a rotina militar. Uma nova revolução poderia estar à espreita. Atento à fragilidade da democracia egípcia, o marechal adotou um discurso prudente em sua entrevista ao diário do Kuwait: "Não temos varinha de condão. Direi ao povo que precisamos dar as mãos e trabalhar juntos para construir este país de 90 milhões de habitantes".

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