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Guerra/Síria

Guerra da Síria completa quatro anos sem perspectiva de paz

Mais de 220 mil mortos, milhares de desaparecidos e 4 milhões de refugiados: é esse o triste resumo de quatro anos de guerra na Síria. O conflito completa quatro anos neste domingo (15) sem nenhuma perspectiva para o fim. Em Paris, uma marcha para lembrar o triste aniversário contou com a participação de centenas de pessoas, neste sábado. Os organizadores do protesto ressaltam a necessidade da renúncia do presidente Bashar al-Assad para que a democracia possa ser instaurada no país.

Habitantes de Damasco fazem fila para receber ajuda humanitária em um campo de refugiados.
Habitantes de Damasco fazem fila para receber ajuda humanitária em um campo de refugiados. REUTERS/Stringer
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Tudo começou em 15 de março de 2011, quando centenas de pessoas realizam uma manifestação em Damasco contra o presidente Bashar al-Assad. É a primeira vez, em várias semanas, que a convocação para uma marcha, feita através das redes sociais, tem resultados nas ruas.

A Primavera Árabe, movimento que resultou na queda de Ben Ali, na Tunísia, e Hosni Mubarak, no Egito, incita os oponentes sírios a desafiar o regime sírio. Os protestos se repetem nos dias seguintes na capital e em Deraa, uma cidade do sul onde a prisão de um grupo de adolescentes no início de março de 2011 gerou uma forte revolta na população.

A violenta repressão de Assad tem início no dia 18 de março, quando os manifestantes são atacados a tiros em Damasco e vários morrem. Um mês depois, o exército sírio invade as ruas da capital. Diante da brutalidade, a oposição se arma – o que resulta na formação, no dia 29 de julho de 2011, do Exército Sírio Livre (ESL). Do movimento pacífico que contestava o regime no poder, a revolta anti-Assad se torna, oficialmente, uma guerra civil.

Cartografia complexa

Em quatro anos, a cartografia do conflito se tornou complexa, avalia o professor Thomas Pierret, da Universidade de Edimburgo, na Escócia. Atualmente, o território sírio está fragmentado entre uma área central, dividido entre as forças rebeldes e o controle de Bashar al-Assad, e as regiões limítrofes, ainda majoritariamente sob o domínio do regime. Dois terços da população síria habita nestas áreas hoje.

O resto do país, especialmente as regiões leste e norte, se encontra nas mãos do grupo Estado Islâmico. Já a fronteira com o Iraque é controlada por milícias nacionalistas curdas, que tentam estabelecer uma administração austônoma. Pierret ressalta, no entanto, que os limites dos territórios não estão bem definidos, já que as linhas dos fronts mudam a todo momento e são contestadas por diversos grupos.

Diplomacia

Quatro anos após o início da guerra, quem ainda acredita na diplomacia ? Até o momento, as armas se mostraram mais fortes que os diálogos. Mas não foi por falta de tentativa. Depois de dois encontros em Genebra, os líderes da rebelião não conseguiram encontrar um acordo.

Os rebeldes são inflexíveis quanto à renúncia de Assad. A França, aliás, defende a mesma ideia : para Paris, o presidente sírio é parte do problema e não da solução.

Terceiro mediador internacional da ONU para a questão síria, Staffan de Mistura, enfrenta as mesmas dificuldades de seus antecessores Lakhdar Brahimi e Kofi Annan. A oposição se recusa a aceitar um cessar-fogo proposto por Mistura, alegando que ela só fortaleceria do regime de Assad.

Manifestações

Centenas de pessoas participaram de uma marcha para lembrar o aniversário da guerra na Síria neste sábado (14) em Paris. O movimento contou com o apoio de cerca de 60 organizações.

Para o membro da Coordenação dos Sírios em Paris, Mohamad Tahad, Bashar al-Assad é o principal problema da Síria. "Ele é mais perigoso do que o grupo Estado Islâmico. Por isso é essencial que ele deixe o governo e seja julgado por seus crimes", declarou, ressaltando que os sírios ainda não perderam a esperança de um país democrático.

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