Escalada do movimento anticorrupção no Líbano

Amplifica-se o movimento anticorrupção de certos sectores da sociedade civil no Líbano, um movimento que se alarga depois de ter começado há cerca de um mês e meio sob a forma de acções de protesto contra a falta de reactividade das autoridades aquando do encerramento em Julho do principal aterro sanitário de Beirute, o que levou à acumulação de lixo pelas ruas da capital.  

Rua de Beirute no passado 27 de Julho AFP/J.EID

Ontem, uma nova manifestação junto do ministério do ambiente para reclamar a demissão do titular desse pelouro, Mohammad Machnouk, acusado de fazer ouvidos moucos à crise do lixo, desembocou em evacuações de manifestantes à força. Os organizadores desses protestos que para além da gestão dos detritos, reclamam igualmente mais transparência na acção política, reagiram hoje, prometendo mais acções.

O principal colectivo por detrás das manifestações, um grupo denominado "Vocês cheiram mal", referiu que novas iniciativas iriam ser anunciadas esta noite e apelaram a um alastramento da mobilização por todo o país. Por seu lado, outro colectivo baptizado "pedimos contas", organizou no final da tarde no centro da capital uma concentração para "reiterar o apelo à prestação de contas a uma classe política corrupta".

Face a esta onda de protestos, de acordo com analistas, o governo libanês parece estar ultrapassado pelos acontecimentos. Em conferência de imprensa, o ministro do ambiente avisou que "qualquer concentração junto das instituições públicas seria gerida de forma imediata em virtude da lei e com força".

Isto acontece num contexto em que o Líbano, desestabilizado pelo conflito na vizinha Síria, corroído pelas suas lutas intestinas, não conseguiu uma vez mais eleger um novo Presidente da República. Marcada para hoje no parlamento, a eleição do Chefe de Estado cujo posto está vago há mais de um ano, acabou por adiada para o 30 de Setembro.

Em entrevista à RFI, Raul Braga Pires, especialista dos países árabes relaciona a instabilidade crónica do Líbano com a situação vivida na vizinha Síria.

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Raul Braga Pires, especialista dos países Árabes