Dilma acusa oposição de fomentar golpe de Estado
Ontem à noite, a Presidente brasileira Dilma Rousseff acusou os seus adversários de estarem a tentar fomentar um golpe de Estado através dos vários pedidos de abertura de um processo de destituição que têm sido depositados por membros da oposição junto da Câmara dos Deputados.
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Este pronunciamento aconteceu pouco depois do Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, ter adiado a sua decisão final sobre a abertura de um processo de destituição da Presidente Rousseff. Este adiamento tornou-se aliás inevitável depois do Supremo Tribunal Federal ter retirado provisoriamente a Cunha a possibilidade de se pronunciar, por não ter aprovado a metodologia que este último pretendia aplicar para encetar o eventual impeachment.
O próprio Eduardo Cunha, membro do PMDB, Partido do Movimento Democrático Brasileiro, tem sido acusado de ter recebido subornos no valor de 5 milhões de Dólares no quadro do escândalo Petrobras e analistas políticos consideram que ele poderia também estar neste momento a jogar o seu futuro político. De acordo com a imprensa brasileira, o Presidente da Câmara dos Deputados tem sido abordado nos últimos dias tanto pela oposição para validar a abertura de um processo de restituição de Dilma Rousseff como pelos apoiantes da presidente.
Apesar desta trégua temporária a favor da Presidente brasileira, as nuvens negras não deixam de se acumular. Além de um início de segundo mandato com um balanço económico pouco animador, Dilma Rousseff enfrenta também o anúncio há dias pelo Tribunal Superior Eleitoral de que vai investigar a origem suspeita de fundos que entraram nas contas da campanha para a sua reeleição no ano passado. Outro ponto negativo para Dilma, na semana passada o Tribunal de Contas da União recomendou ao Congresso a reprovação das contas relativas ao ano de 2014, esta entidade acusando a presidente de ter "maquilhado" as referidas contas. A confirmar-se este dado, isto poderia ser usado pela oposição para sustentar a destituição da Presidente.
Para Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais na Fundação Getúlio Vargas em São Paulo, é difícil prever se o processo de impeachment vai avante, mas o certo é que apesar da crise económica, esta não é uma crise da democracia no Brasil.
Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais na Fundação Getúlio Vargas em São Paulo
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