Argentina começa a julgar ex-ditadores por roubo de bebês nos anos 70
Começa nesta segunda-feira, na Argentina, o processo sobre o roubo de bebês durante a ditadura no país nos anos 70. Cerca de 500 crianças perderam suas identidades. Oito militares são julgados.
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Dois ex-ditadores argentinos Jorge Videla e Reynaldo Bignone estão no banco dos acusados ao lado de seis militares: o general Santiago Omar Riveros, o almirante Rubén Oscar Franco, o vice-almirante Antonio Vanek, os oficiais Jorge Luis Magnacco e Juan Antonio Azic e o capitão Jorge "Tigre" Acosta.
No processo, mais de 80 testemunhas foram convocadas para tentar explicar o plano macabro de roubo de bebês de maternidades clandestinas que funcionavam em centros de tortura, como a Escola Mecânica da Marinha. Mais de cinco mil opositores à ditadura foram mortos no local.
As mães dos recém-nascidos, presas políticas, eram assassinadas logo após o parto ou jogadas vivas em alto mar, enquanto os bebês ficavam sob os cuidados dos militares.
Apenas 102 das cerca de 500 crianças conseguiram recuperar suas identidades originais depois de adultas. Hoje, boa parte delas entrou para a política ou se engajou junto a entidades de defesa dos direitos humanos.
É o caso de Victoria Donda, 34 anos, que publicou no ano passado o livro "Eu, Victoria, criança roubada da ditadura argentina". Na obra, ela conta como descobriu que era, na realidade, a filha de dois guerrilheiros argentinos presos, torturados e mortos pelos apoiadores da ditadura. Apesar da história trágica, Victoria chama de pai Juan Antonio Azic, um dos oito militares que respondem à Justiça. Eles são acusados pelo roubo e mudança de identidade de 34 menores de 10 anos de idade.
Esta é a primeira vez que o roubo de bebês será julgado na Argentina como "plano sistemático", concebido nas altas escalas do poder no país.
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