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Fernando Lugo/impeachment

Presidente paraguaio diz que vai resistir ao pedido de impeachment

O presidente paraguaio, Fernando Lugo, disse, nesta sexta-feira, que o processo movido contra ele pela Câmara dos Deputados do país, que pode resultar em seu impeachment, é mais que um golpe de estado, é "um golpe parlamentar travestido em processo jurídico que serve de instrumento para o processo de destituição sem razões válidas para justificá-lo". O Senado do Paraguai anuncia ainda hoje a decisão sobre a permanência de Lugo na presidência do país. O líder afirmou que vai respeitar o processo, mas que vai resistir.

Manifestante pró-Fernando Lugo aguarda, na frente do congresso paraguaio, decisão sobre permanência do presidente no poder, nesta sexta-feira.
Manifestante pró-Fernando Lugo aguarda, na frente do congresso paraguaio, decisão sobre permanência do presidente no poder, nesta sexta-feira. REUTERS/Mario Valdez
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Lugo entrou com um recurso na Suprema Corte de seu país nesta sexta-feira para tentar frear o processo de impeachment. Ele é acusado de ter desempenhado mal suas funções após a matança de 17 pessoas em uma desocupação de terras há uma semana.

Os advogados do presidente paraguaio apresentaram nesta tarde os argumentos de defesa de seu cliente – a primeira etapa do processo de destituição do líder. Um dos advogados, Adolfo Ferreiro, diz que o processo político deve ser interrompido até que sejam fornecidas garantias constitucionais para a defesa. Segundo Ferreiro, a lei prevê um prazo de 18 dias para a preparação da defesa deste tipo de processo, o que o torna precipitado e inconstitucional.

Uma multidão está aglomerada diante do Congresso paraguaio, à espera da divulgação da decisão sobre o impeachment do líder. Cerca de 3 mil simpatizantes portam bandeiras do país, faixas e cartazes com mensagens de apoio ao presidente.

Lugo disse hoje, em entrevista à Rádio 10 da Argentina, ter recebido o apoio de outros presidentes sul-americanos, como o venezuelano Hugo Chávez, o equatoriano Rafael Corrêa, o boliviano Evo Morales, bem como das presidentas da Argentina, Cristina Kirchner e do Brasil, Dilma Rousseff.

Um putsch travestido

Em uma reunião extraordinária da Organização dos Estados Americanos (OEA) realizada nesta tarde, em Washingnton (EUA), Venezuela, Bolívia e Nicarágua denunciam um pustch travestido no Paraguai. "Nós vamos assistir a um golpe de Estado por meios injustos", declarou o embaixador da Nicarágua nos Estados Unidos, Denis Moncada. Ele pediu à OEA de não reconhecer um eventual novo governo paraguaio no caso de Lugo ser destituído.

Já o secretário-geral da organização, José Miguel Insulza, não quis empregar o termo “golpe de Estado” porque, segundo ele, “o processo legal e constitucional é respeitado”. No entanto, ele considerou que “a democracia paraguaia não seria prejudicada se obtivesse mais tempo e melhores condições para a defesa [de Fernando Lugo]”.

Polêmica desocupação de terras

A crise no Paraguai começou na última sexta-feira, em uma polêmica desocupação de terras pertencentes a um rico oponente do presidente, a 250 km a nordeste da capital Assunção. O choque entre 300 policiais e 150 camponeses levou à matança de 17 pessoas. A reação de Lugo de promover mudanças no gabinete levou ao pedido de impeachment.

 

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