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Estados Unids/Atentado de Boston

Djokhar Tsarnaev alega inocência em Tribunal de Boston

Com o braço engessado e um olho roxo, o adolescente muçulmano acusado de planejar e executar um atentado a bomba na maratona de Boston do último dia 15 de abril alegou inocência em sua primeira audiência pública. Djokhar Tsarnaev apareceu diante da corte em uniforme laranja de presidiário, com os pés e as mãos algemadas e os cabelos desgrenhados.

Desenho da corte mostra Djokhar Tsarnaev cercado pelos advogados de defesa, Miriam Conrad (e) e Judy Clarke
Desenho da corte mostra Djokhar Tsarnaev cercado pelos advogados de defesa, Miriam Conrad (e) e Judy Clarke REUTERS/Jane Rosenberg
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Das 30 acusações que pesam sobre ele, 17 são passíveis de pena de morte. As mais graves são "utilização de arma de destruição em massa com resultado de morte" e "atentado em lugar público com resultado de morte". O tchetcheno de 19 anos declarou sete vezes sua inocência diante de uma plateia lúgubre: todos os sobreviventes do atentado que matou três pessoas e feriu outras 264 foram convidados para a audiência.

Então, a sala estava repleta de pessoas aleijadas pelos pregos e fragmentos de metal que irradiaram da bomba caseira, além de uma irmã do acusado que chorava copiosamente e amigos seus, ainda incrédulos diante do ocorrido. O jovem era tido como festeiro e bem integrado a Boston, cidade em que ele viveu nos últimos dez anos. Desde o ano passado, ele tem cidadania americana.

Alguns, inclusive, usavam camisetas com a frase "Djokhar Tsarnaev é inocente". Duke Latouf, por exemplo, veio de Las Vegas e declarou que fez sua própria investigação. A conclusão foi que o atentado foi invenção do FBI.

Os dois filhos de Liz Norden, de 32 e 33 anos, tiveram pernas amputadas. Ela compareceu à corte "para tentar compreender" o que passava na cabeça do rapaz. Disse aos jornalistas, antes de entrar, que "não entendia como alguém que vive neste país (Estados Unidos) pode fazer uma coisa dessas". Passou mal e não obteve resposta. "Foi muito doloroso", declarou na saída.

"Não vi nenhum remorso", disse John DiFava, chefe do policial do MIT que morreu trocando tiros com Tsarnaev, que fugia ao lado de seu irmão mais velho. Tamerlan Tsarnaev também foi morto neste confronto. Djokhar ficou gravemente ferido e foi encontrado pela polícia escondido num barco no jardim de uma casa na periferia de Boston. Numa parede interna do barco, ele teria escrito que "o islã é um só corpo" e que o mal que se faz a um muçulmano é sentido por todos.

A audiência durou apenas sete minutos. Mas, para os jornalistas, foi uma longa jornada. Na tentativa de conseguir um lugar na pequena sala do quinto andar do Tribunal Federal de Boston, vários chegaram às 11h da manhã e esperaram no sol até as 15h30. A aglomeração era tamanha, que foi preciso abrir uma segunda sala, para onde a sessão foi transmitida ao vivo em áudio e vídeo.

De acordo com a juíza Marianne Bowler, que convocou entre 80 e 100 depoimentos, o julgamento deve durar entre três e quatro meses. Uma próxima audiência técnica, sem a presença do acusado, está marcada para 23 de setembro.

 

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