ONGs querem que EUA prestem contas sobre uso de drones no Paquistão

O presidente americano, Barack Obama, recebe nesta quarta-feira o primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, na Casa Branca, em Washington para o primeiro encontro desse tipo entre os representantes dos dois países desde 2009.

Um drone americano modelo Predador MQ-1, em fevereiro de 2013 Effrain Lopez/Handout

Durante a reunião serão debatidos temas como a cooperação econômica, com foco em energia e comércio, a paz no vizinho Afeganistão e os ataques de drones, veículos aéreos não tripulados americanos, em território paquistanês.

Um dia antes, as organizações em defesa dos direitos humanos, como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch, publicaram relatórios pedindo o fim do "segredo" sobre os ataques de drones em solo paquistanês e iemenita, os dois principais alvos americanos, e o julgamento de "operações ilegais". "O segredo sobre o programa de drones dá ao governo americano um direito de matar superior ao dos tribunais e às normas fundamentais do direito internacional", denuncia em um comunicado Mustafa Qadri, analista da Anistia Internacional no Paquistão.

As entidades acusam os Estados Unidos de violarem o direito internacional e de cometerem crimes de guerra em suas ações em nome da "luta contra o terrorismo". De acordo com o governo americano, desde 2004, 376 ataques de drones visando grupos ligados à Al Qaeda foram registrados apenas no Paquistão. Estima-se que essas ações tenham provocando a morte de 2 mil a 4 mil e 700 pessoas, entre elas algumas centenas de civis.

"Eu quero primeiramente insistir sobre a necessidade de parar com os ataques de drones", reforçou nesta terça-feira o primeiro-ministro paquistanês em uma conferência na capital americana. A questão é hoje o principal obstáculo na relação entre os dois governos. No mês de agosto, em uma visita ao Paquistão, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, declarou que os tiros de drones americanos operados pela CIA deviam respeitar o direito internacional ou serem suspensos.