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Argentina/Calote

Argentina declara que não pagará parcela do dia 30 aos credores

O calote da dívida volta a assombrar a Argentina. O governo argentino informou na noite desta quarta-feira (18) que não poderá pagar aos fundos credores a próxima parcela da dívida do país, no valor de US$ 225 milhões (R$675 milhões), que vence no próximo dia 30 de junho.

O governo argentino não pretende pagar a parcela de parte de sua dívida aos credores.
O governo argentino não pretende pagar a parcela de parte de sua dívida aos credores. Flickr/Speaking Latino
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Os credores inscritos junto ao governo argentino recebem o pagamento em Nova York. A ameaça de calote é uma forma de pressão e a resposta da presidente Cristina Kirchner à decisão da justiça americana que mandou executar, esta semana, a sentença que obriga o país a pagar cerca de US$ 1,5 bilhão a fundos especulativos baseados nas ilhas Cayman, um conhecido paraíso fiscal. Esses fundos, chamados de "abutres" pelo governo argentino, não concordaram em participar das operações de reestruturação da dívida em 2005 e 2010.

Ontem (18), após várias horas de reuniões entre autoridades e representantes desses fundos, em Nova York, o Ministério da Economia argentino divulgou um comunicado lamentando a decisão da justiça americana e a "falta de vontade" para negociar uma solução.

Reestruturação da dívida

Com as operações de reestruturação iniciadas pelo ex-presidente Néstor Kirchner, nos anos 2000, a Argentina conseguiu reduzir quase 70% de sua dívida externa. A maioria dos credores aceitou renegociar os valores devidos à exceção de fundos das Ilhas Cayman, que compraram títulos da dívida a preços irrisórios para depois serem reembolsados com altas taxas de juros, maximizando os lucros.

Apesar do estado de fragilidade da economia, o governo argentino tinha se comprometido a pagar os credores da dívida reestruturada. Pressionado pelos gastos com energia, o caixa do país teria atualmente US$ 28 bilhões de reservas. Se tiver que pagar o que manda a justiça americana, a economia poderia não resistir a um novo golpe. Ontem, a agência Standard and Poor’s enviou o primeiro sinal de perigo abaixando a nota do país, acompanhada de perspectiva negativa.

FMI preocupado com efeito bola de neve

O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirma estar preocupado com a repercussão da decisão americana. Analistas temem um efeito bola de neve. O precedente americano poderia influenciar outros fundos a entrar com ações semelhantes contra países asfixiados financeiramente. Para pagar os credores, esses países se veriam obrigados a adotar novos programas de austeridade, enterrando os esforços feitos até agora para relançar o crescimento mundial.

A Comissão Europeia acompanha a evolução do caso argentino com atenção, assim como a França, que tentou sem sucesso interceder junto à justiça americana.
 

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