Morte de jovem negro no sul dos EUA reaviva tensões raciais
Pela quinta noite consecutiva, a cidade de Ferguson, em Missouri, nos Estados Unidos, foi palco de novas tensões nesta quarta-feira (13), depois da morte do jovem negro Michael Brown, 18 anos. Segundo testemunhas, ele teria sido assassinado com um tiro à queima-roupa por um policial. Barack Obama fez um apelo por paz e calma na cidade.
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O espectro das tensões racistas rondam novamente o sul dos Estados Unidos. Ontem à noite, novos tumultos tomaram conta cidade de Fergunson, onde a polícia precisou usar gás lacrimogêneo para dispersar o protesto contra a morte do jovem Michael Brown no último dia 9 de agosto.
Na última terça-feira (12), o presidente dos Estados Unidos Barack Obama pediu calma e diálogo, e pediu ao FBI que faça uma investigação paralela à da polícia local. Em outro pronunciamento nesta quinta, fez um apelo por paz e calma nas ruas de Ferguson. Obama distribuiu críticas para ambos os lados. Advertiu que a polícia deve evitar o uso excessivo da força contra manifestações que forem pacíficas. Também disse que a polícia tem a responsabilidade de ser transparente em suas investigações. Para os manifestantes, Obama ressaltou que não ha nenhuma desculpa para que tenha ocorrido violência contra os policiais. "Agora é a hora um processo aberto e transparente para que façamos justiça", disse Obama.
De acordo com as redes de TV americanas, a polícia entrou em ação em um posto de gasolina incendiado pelos manifestantes, situado no subúrbio de Saint-Louis e onde eles estavam concentrados. Os policiais também usaram granadas para dispersar a multidão, segundo o jornal St Louis Post-Dispatch. Não houve feridos como na véspera, quando um jovem foi foi atingido gravemente.
"Não somos cachorros, porque usar cassetetes?", disse um dos manifestantes aos policiais, segundo o jornal. A imagem de um atirador de elite, escondido atrás de um veículo blindado, foi publicada nas redes sociais para denunciar a violência policial.
Opinião pública denuncia abusos
Mesmo vários veteranos das guerras do Iraque e do Afeganistão se declararam chocados ao ver os policiais com o mesmo tipo de armamento utilizado em zonas de guerra. A polícia também despertou indignação ao deter, nesta quarta-feira, dois jornalistas, entre eles um correspondente do Washington Post. Eles foram detidos depois de se recusarem a deixar o restaurante Mc Donalds da cidade, onde estavam concentrados os manifestantes, durante uma intervenção policial.
Depoimentos sobre morte de Michael Brown se contradizem
Os depoimentos sobre a morte do jovem no dia 9 de agosto são contraditórios. De acordo com uma testemunha, ele não estava armado e andava tranquilamente pela rua. Abordado por um policial, o jovem teria sido atingido por um tiro quando ainda estava com as mãos para cima.
A polícia alega que Michael Brown morreu depois ter agredido um agente e tentar roubar sua arma. O delegado da cidade, Tom Jackson, também afirma que o policial ficou ferido no rosto. Ele permanece anônimo por motivos de segurança e nunca esteve envolvido em outros incidentes, segundo Jackson.
Desde então, a comunidade negra vem se mobilizando e as manifestações têm ganhado força. Cerca de 20 mil habitantes da comunidade são de origem afro-americana, mas os policiais são, em sua maioria, brancos.
O grito de guerra nos protestos é "Don’t Shoot" (Não atire), em referência às últimas palavras do jovem antes de morrer. O prefeito da cidade, James Knowles, pediu nesta quarta-feira que todos os grupos que querem se manifestar "o façam de maneira organizada e respeituosa."
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