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Venezuela/economia

Maduro aposta em milagre para salvar a economia da Venezuela

"Deus proverá", foi a frase que Nicolás Maduro usou para afirmar que mesmo com a queda dos preços do petróleo os investimentos nas áreas sociais serão mantidos. Na noite desta quarta-feira, ele fez o discurso anual na Assembleia Nacional venezuelana. De acordo com economistas, eram necessários anúncios econômicos mais consistentes para enfrentar a crise que afeta o país.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante seu pronunciamento anual no parlamento venezuelano nesta quarta-feira, 21.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante seu pronunciamento anual no parlamento venezuelano nesta quarta-feira, 21. REUTERS/Jorge Silva
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Elianah Jorge, correspondente da RFI Brasil em Caracas

A queda da entrada de dinheiro no país e a inflação que fechou 2014 em 64% não impediram Maduro de anunciar um aumento do salário mínimo de 15%, que passa de 4.889 bolívares para 5.622 bolívares no início de fevereiro. O presidente reconheceu que a economia do país caiu 2,8% em 2014. O chefe de Estado ainda anunciou a implantação de um novo sistema cambial e deu início a um debate para discutir o aumento do preço de gasolina.

O presidente decidiu manter três tipos de controle cambial: o primeiro continua cotado a 6,30 bolívares para a compra de alimentos e remédios. A Venezuela foi duramente afetada pela queda do preço do petróleo, responsável por 96% das divisas, e uma inflação de mais de 64% em 2014.

Maduro declarou que o sistema de identificação por impressão digital, chamado no país de “captahuella”, ainda está sendo avaliado. Desde 12 de janeiro deste ano, os supermercados estatais aplicam o controle de compras através da carteira de identidade.

Cidadãos e economistas aguardavam desde 30 de dezembro as novas diretrizes econômicas, que foram adiadas por três vezes. Horas antes, o Fundo Monetário Internacional (FMI) rebaixou em -7% a previsão do Produto Interno Bruto (PIB) da Venezuela em 2015 e afirmou que o país será o mais afetado da América Latina por causa da queda dos preços da commodity.

Contra o que chama de “guerra econômica”, Maduro afirmou que a partir de amanhã começa uma "ofensiva" para a revisão de todos os atacadistas e distribuidores do país para estabelecer os níveis de controle de abastecimento dos produtos que estão em escassez. O problema se agravou desde o início do ano, o que faz com que os venezuelanos gastem horas nas filas diante de estabelecimentos comerciais. O presidente  afirmou que "estão escondendo os produtos para irritar o povo".

De acordo com Maduro, nos últimos dias a população adquiriu uma quantidade equivalente ao que teria sido vendida durante um mês e meio. De acordo com Jorge Roig, presidente da Fedecamaras (Federação de Câmaras e Associações de Comércio e Produção da Venezuela), há estoques no país para os próximos 40 dias.

Venezuela poderá aumentar preço da gasolina

Não foi desta vez que Maduro anunciou o aumento da gasolina, o produto mais barato de todo o país. No entanto, ele afirmou que o vice-presidente Jorge Arreaza vai em breve anunciar os detalhes da proposta para a aplicação do "preço justo" do combustível. "Todos esses recursos iriam fortalecer os programas sociais", garantiu. A Venezuela perde por ano cerca de U$15,2 bilhões com os subsídios pelo preço da gasolina.

Governo e oposição convocam marcha para esta sexta-feira

O setor governista convocou para esta sexta-feira uma marcha em apoio à presidência de Maduro e em comemoração à queda do ditador Marcos Pérez Jimenez, que governou a Venezuela com mão de ferro entre os anos 1952 e 1958.

Já o grupo opositor chamou a população para a "marcha das panelas vazias" no próximo sábado, uma tentativa de pressionar o governo de Nicolás Maduro, cuja popularidade caiu para 22%, de acordo com a empresa Datanálisis. Para o opositor e ex-candidato presidencial Henrique Capriles Radonski, eles "estão balançando no poder e a única coisa que querem é continuar evitando o custo político. Nada do que anunciaram soluciona a crise".
 

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