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Angola/Brasil/IURD

Angola/Brasil: IURD no pomo da discórdia

Em Angola o governo procura solução para resolver o diferendo que opõe os bispos angolanos e brasileiros da Igreja Universal do Reino de Deus - IURD, deputados defendem cancelamento da licença e da actividade religiosa desta igreja fundada no Brasil pelo bispo Edir Macedo.

Igreja Universal do Reino de Deus, Luanda. 14 de Novembro de 2012.
Igreja Universal do Reino de Deus, Luanda. 14 de Novembro de 2012. AFP - ESTELLE MAUSSION
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O governo angolano e deputados da Assembleia Nacional debateram nesta segunda-feira (27/07) a situação de conflito interno no seio da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola - IURD - com o objectivo de encontrar uma solução, que evite um conflito político e diplomático com o Brasil, informaram fontes do governo.

A comitiva do executivo angolano, chefiada pela ministra do Estado para os Assuntos Sociais, Carolina Cerqueira e Francisco Queiroz, Ministro da Justiça e Direitos Humanos reuniram-se à porta fechada com os deputados da Assembleia Nacional.

Após o encontro Francisco Queiroz afirmou esta segunda-feira (27/07) que o conflito entre angolanos e brasileiros da Igreja Universal do Reino de Deus não é um problema político ou diplomático e apelou a que se aguarde pelas decisões da justiça.

00:19

Francisco Queiroz, ministro da Justiça e Direitos Humanos

Carolina Cerqueira, em declarações à imprensa, na semana passada, afirmou que o executivo procura encontrar uma solução, não apenas do ponto de vista religioso, mas também que se evite um possível conflito político e diplomático com o Brasil.

No entanto, alguns deputados são de opinião que este é um assunto de justiça.

Para o deputado do MPLA Mendes Monteiro Bartolomeua PGR deverá imediatamente assumir o seu papel, investigar para depois então submeter as denúncias aos tribunais, é aí que está a razão da questão”, disse, salientando que na sua opinião “o que nós esperamos é que os deputados possam apenas dar um conselho, ouvir em primeiro lugar aquilo que executivo trouxer, mas que não haverá nenhuma decisão, porque não é uma matéria que tem a ver com Assembleia Nacional”.

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Mendes Monteiro Bartolomeu, deputado MPLA

Já o deputado independente (ex CASA-CE) Lindo Bernardo Tito defende o cancelamento da licença da IURD em Angola.

Quando uma determinada confissão religiosa viola os direitos fundamentais, a vasectomia é uma clara violação dos direitos fundamentais. A outra questão é também a existência de indícios relativamente à prática de actos de corrupção, de branqueamento de capitais, de lavagem de dinheiro, tudo isso concorre para o cancelamento da atividade da IURD. Quero que essa reunião traga ao país uma decisão”, reforçou.

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Deputado independente, Lindo Bernardo Tito

O conflito interno no seio da IURD em Angola tem provocado tensões entre os dois países, com envolvimento directo de ambos os governos.

O embaixador do Brasil em Angola, Paulino Franco de Carvalho, afirmou neste fim-de-semana, em entrevista à Lusa, que o presidente angolano garantiu ao seu homólogo brasileiro, que o diferendo na Igreja Universal do Reino de Deus terá o “tratamento adequado” e reiterou a “excelência” das relações entre os dois países.

O conflito na IURD em Angola, que se arrasta desde novembro do ano passado, agudizou-se no mês passado com a tomada de vários templos por parte de bispos e pastores angolanos da Comissão de Reforma da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) que acusam a ala brasileira de crimes e práticas contrárias à religião.

Segundo a Comissão de Reforma, entre os dias 22 e 23 de Junho deste ano, os pastores “imbuídos de espírito de fé e bravura, decidiram pôr fim às más práticas perpetradas pelo Senhor bispo Honorilton Gonçalves, nomeadamente racismo, arrogância, abuso de poder e de confiança, que culminou com o resgate efetivo dos templos e locais de culto nas 18 províncias de Angola”.

Os angolanos acusam os brasileiros de irregularidades e práticas contrárias à religião como a vasectomia, racismo e discriminação e romperam, em novembro do ano passado, com a representação brasileira em Angola encabeçada pelo bispo Honorilton Gonçalves.

Em dezembro de 2019, a Procuradoria-Geral da República angolana instaurou dois processos-crime contra a IURD, tendo como base as denúncias feitas por pelo menos 300 pastores angolanos, subscritores do documento.

O caso dos desentendimentos entre as alas angolana e brasileira da Igreja Universal do Reino de Deus, actualmente alvo de investigações na justiça, e que já se traduziu em ocupações de templos e em múltiplas queixas, veio também a ser motivo de correspondência entre os dois chefes de Estado do Brasil e de Angola. 

Com a colaboração de Daniel Frederico, correspondente em Angola.

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