Acesso ao principal conteúdo
Angola

Ala angolana da IURD concorda com fecho de templos reabertos pela ala brasileira

O INAR (Instituto Nacional dos Assuntos Religiosos) anunciou neste fim-de-semana que vai tornar a encerrar templos reabertos há dias pela ala brasileira da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), na sequência de uma decisão de justiça determinando a reabertura destas estruturas que estiveram fechadas durante mais de dois anos devido aos contenciosos judiciais entre a direcção brasileira e a direcção angolana da IURD.

Leitura da sentença em Luanda, Angola, de caso ligado à Igreja Universal do Reino de Deus a 31 de Março de 2022.
Leitura da sentença em Luanda, Angola, de caso ligado à Igreja Universal do Reino de Deus a 31 de Março de 2022. LUSA - AMPE ROGÉRIO
Publicidade

O INAR refere estar à espera de uma notificação da justiça angolana relativa a esta decisão, no sentido de entregar o património da IURD à ala angolana cuja direcção é reconhecida pelo Estado.

Esta posição foi refutada ontem pela ala brasileira que também acusou as autoridades angolanas de "perseguição". Em carta dirigida ao INAR, a IURD Angola (ala brasileira dirigida pelo bispo Alberto Seguda) recorda que no passado dia 31 de Março, o Tribunal Provincial de Luanda determinou a abertura dos templos “por entender não (se) justificar a manutenção das apreensões”.

Ao apelar as autoridades angolanas a "respeitar uma decisão judicial que restituiu os templos, decisão esta que é soberana e não pode ser desrespeitada por outras autoridades do Estado, nem ser fruto de 'interpretações' contrárias ao que está descrito" a ala brasileira da IURD reclamou ainda que não haja "violência ou truculência" contra os seus membros, sustentando que tem havido perseguições.

Já do lado da direcção angolana da instituição (encabeçada pelo bispo Valente Bizerra) reconhecida pelas autoridades angolanas, o ponto de vista é diferente. Para o Pastor Jimi Inácio, porta-voz da direcção angolana da IURD, "o Estado não vai entregar o património da Igreja apreendido a pessoas que eles não reconhecem". Ao afirmar que a ala brasileira "invadiu os templos que ainda estavam apreendidos" e que "à revelia, abriu algumas igrejas", justifica que o "Estado teve que reagir".

"Como o processo fechou, o INAR tem que fazer a devolução dos templos à legítima direcção e é o que está a acontecer", refere ainda o pastor que ao aludir às acusações feitas pela ala brasileira, indica que "o departamento jurídico (da ala angolana) já está a trabalhar no sentido de colocar também temo a determinadas falas e a determinadas acusações que são feitas". O religioso considera ainda que "a ala brasileira vai criando várias narrativas que não têm muito interesse" e declara acreditar que "o princípio da legalidade é que deve prevalecer."

03:22

Pastor Jimi Inácio, porta-voz da ala angolana da IURD

A IURD em Angola tem vivenciado contenciosos internos desde 2019, altura em que membros angolanos da igreja entraram em rota de colisão com a direcção brasileira da instituição.

Esta disputa traduziu-se pelo encerramento dos templos da IURD, pela expulsão de missionários no ano passado e pela abertura de processos.

No âmbito do mais recente caso julgado, o tribunal de Luanda condenou no passado dia 31 de Março o ex-responsável da IURD, Honorilton Gonçalves, que entretanto se encontra no Brasil, a 3 anos de prisão com pena suspensa pelo crime de violência física e psicológica. Este responsável foi igualmente condenado a pagar indemnizações de 30 e 15 milhões de kwanzas (60 mil e 30 mil Euros) a dois ofendidos, entre os quais o pastor Jimi Inácio, por tê-los coagido à prática de vasectomia.

Tanto Honorilton Gonçalves como os restantes co-arguidos deste processo foram absolvidos de outros crimes de que eram acusados. Chegaram a ser suspeitos de associação criminosa, branqueamento de capitais, burla e expatriação ilícita de capitais. Práticas cuja análise compete, segundo o tribunal, ao Banco Nacional de Angola.

A disputa entre as duas alas da IURD traduziu-se igualmente por um processo de reforma interna. A ala brasileira elegeu em Maio do ano passado a sua nova direcção. Contudo foi a ala angolana cuja direcção foi eleita em Fevereiro de 2021 que acabou por ser validada pelo Estado angolano. Ambas as alas reclamam ser as legítimas representantes da IURD em Angola. Ambas também disputam a tutela do património da IURD naquele país.

NewsletterReceba a newsletter diária RFI: noticiários, reportagens, entrevistas, análises, perfis, emissões, programas.

Acompanhe toda a actualidade internacional fazendo download da aplicação RFI

Partilhar :
Página não encontrada

O conteúdo ao qual pretende aceder não existe ou já não está disponível.