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Angola

Justiça espanhola autoriza autópsia ao corpo de José Eduardo dos Santos

As autoridades judiciais espanholas concordaram com a realização de uma autópsia ao corpo do antigo chefe de Estado angolano José Eduardo dos Santos, que faleceu ontem aos 79 anos de idade em Barcelona onde se encontrava internado numa unidade de cuidados intensivos desde há duas semanas.

José Eduardo dos Santos fotografado em 2007.
José Eduardo dos Santos fotografado em 2007. LUSA - TIAGO PETINGA
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Com esta decisão, a justiça espanhola respondeu a um pedido feito por Tchizé dos Santos, uma das filhas do ex-dirigente, sem contudo especificar a data da possível realização dessa autópsia.

Ao avançar esta notícia, a equipa de advogados que representam Tchizé dos Santos denunciou o que qualificou de "pressão" do executivo de Angola, que fez viajar para Barcelona vários dos seus membros assim como o Procurador-Geral da República, no intuito de levar o corpo do antigo Presidente para Angola e celebrar um funeral de Estado.

Este não era contudo o desejo do antigo Presidente que pretendia ser sepultado em Barcelona, segundo Tchizé dos Santos referindo ainda que o pai queria evitar um possível aproveitamento político da cerimónia.

Um argumento retomado pela sua equipa de advogados que numa nota de imprensa acusou João Lourenço de ter "declarado a guerra" à família do seu antecessor e de pretender realizar o funeral em Angola para mostrar que o partido no poder, o MPLA, está unido, numa altura de pré-campanha antes das eleições gerais de 24 de Agosto.

Por sua vez, a presidência angolana informou via Facebook que João Lourenço telefonou este sábado à antiga primeira-dama, Ana Paula dos Santos, para apresentar condolências à família do antigo Presidente, esta comunicação não mencionando contudo os filhos de José Eduardo dos Santos.

Paralelamente, o governo angolano anunciou a criação de locais públicos em todas as províncias para que a população possa prestar homenagem a José Eduardo dos Santos. Na capital, ficou estipulado que a Praça da República vai acolher uma tenda para o efeito.

Desde a meia-noite de hoje Angola observa um luto nacional que passou de 5 para 7 dias pela morte de José Eduardo dos Santos. Após a morte do antigo chefe de Estado que dirigiu Angola durante 38 anos, afluíram as mensagens de pesar pelo mundo fora.

A vizinha República Democrática do Congo anunciou ter decretado hoje um dia de luto nacional em solidariedade com Angola, o Presidente são-tomense, Carlos Vila Nova expressou ontem os seus “profundos sentimentos de pesar” e o Presidente sul-africano relembrou José Eduardo dos Santos como um “destacado revolucionário”, que ajudou o ANC na luta contra o regime de segregação do ‘apartheid’.

Entre os restantes dirigentes de países com laços históricos com Angola, o chefe de Estado Cubano recordou o antigo Presidente angolano como "um amigo de Cuba" e o Presidente russo, quanto a si, sublinhou que "a história do Estado angolano está indissociavelmente ligada ao nome" de José Eduardo dos Santos.

O antigo Presidente dirigiu Angola em nome do MPLA durante 38 anos, tendo sucedido ao primeiro Presidente de Angola, Agostinho Neto, em 1979. Durante a primeira metade da sua permanência no poder, o país vivenciou anos de guerra civil entre o MPLA e os apoiantes do então movimento rebelde da Unita. O conflito só terminou depois da morte em combate do líder histórico desse movimento, Jonas Savimbi em 2002.

A partir desse período, tratou-se para o poder de José Eduardo dos Santos de consolidar a paz no país, o balanço da sua acção sendo diversamente interpretado, já que os seus opositores acusaram-no de autoritarismo e de nepotismo, sendo que alguns dos seus próximos foram acusados de desviar bens do Estado Angolano.

Em 2017, José Eduardo dos Santos renunciou a recandidatar-se ao cargo d que depois das eleições desse ano, passou a ser ocupado por João Lourenço. Este último é agora candidato a um novo mandato nas eleições gerais previstas para o próximo dia 24 de Agosto.

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